O sufoco de pedalar sem ciclovia

Repórter constatou a dificuldade em andar de bicicleta em vias de Fortaleza

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Fonte: O Povo Online  |  Autor: Da redação  |  Postado em: 24 de setembro de 2012

Repórter pedalando por Fortaleza

Repórter pedalando por Fortaleza

créditos: Mauri Melo

 

O melhor de se andar de bicicleta em Fortaleza é se chegar vivo ao destino final. A frase não é exagero. Foi o sentimento que tive ontem, quando fui desafiada a percorrer, pedalando, os sete quilômetros entre a minha casa, na Maraponga, até o O POVO. Faço normalmente o caminho de ônibus. Como defensora do transporte público e de meios alternativos para a locomoção, gostaria de escrever uma matéria elogiosa e encorajadora aos heróis ciclistas. No entanto, a experiência não foi das mais tranquilas. Por várias vezes, ônibus, carros e motos quase me levaram junto.

 

Aos futuros ciclistas, um aviso: a qualidade da bicicleta é fundamental. Não tenho uma. A pauta começou, então, com o aluguel. Apenas duas estavam disponíveis na loja. A melhor das opções era alta para mim, tinha as correntes enferrujadas e a garupa folgada. No caminho, percebi também que era pesada, tinha marchas duras e, vez ou outra, soltava a corrente. Imaginem aí a situação da outra bicicleta. Transporte e capacete alugados, vamos ao trajeto.

 

Saí de casa às 7h30min. José Maria, o motorista, e Mauri Melo, repórter fotográfico, me acompanhavam de carro. Comecei pelos 600 metros de ciclovia da avenida Godofredo Maciel. Único trecho apropriado para ciclistas até o jornal. Nenhuma dificuldade até aí. O problema começou na avenida João Pessoa. Segui na via à direita, como recomenda o Código de Trânsito Brasileiro. Ônibus e carros passavam muito perto, chegava a sentir o vento. Muitos faziam a ultrapassagem a pouquíssimos centímetros. O mínimo de distância que o condutor deve manter do ciclista é de 1,5 metro.

 

Como diz o fotógrafo Igor de Melo: “Um dia você pega o ônibus. No outro, ele te pega”. Já peguei muitos coletivos na vida e não queria ser o alvo agora. Para evitar a profecia, resolvi mudar de rota. Pegar rua Elvira Pinto, em direção à Avenida dos Expedicionários. Para chegar até lá, segui pela rua Lauro Vieira Chaves. De nada adiantou. Tenho a impressão que todos os motoristas desrespeitosos, para não dizer outra palavra, da João Pessoa resolveram seguir o mesmo caminho. Ou então, parte significativa dos condutores age da mesma forma.

 

Quando me viam sozinha na pista, avançavam a preferencial. “O senhor não tá me vendo, não?”, reclamava eu. E não adiantava. E os outros ciclistas, solidários, avisavam: “Sobe a calçada, que lá vem o ônibus”. No mesmo instante, descia e empurrava a bicicleta sobre o passeio. “Cuidado com o carro”, gritava outro.

 

Uma hora e 20 minutos depois da partida de casa, finalmente cheguei ao trabalho. E o percurso original que deveria ser de sete quilômetros, passou para nove, por conta do desvio do caminho. Cheguei pingando de suor. Pedalaria mais, com certeza. Mas se fosse em ciclovias ou ciclofaixas.

 

ENTENDA A NOTÍCIA 

Na véspera do Dia Mundial Sem Carro, O POVO resolveu testar algumas vias de Fortaleza para verificar a possibilidade de andar de bicicleta. Repórter constatou desrespeito de motoristas e a necessidade de mais ciclovias.

 

Saiba mais  

Fortaleza tem hoje 65 quilômetros de ciclovias, sendo 15,9 km em jurisdição federal, 15,5 km estadual e 33,6 km em municipal.

 

O Programa de Transporte Urbano (Transfor), afirma que vai construir mais 30 km de ciclovias, além de bicicletários nos terminais de ônibus. 

 

Com a conclusão das obras do Transfor, Fortaleza passará a ter 95 km de ciclovias.

 

O Transfor já implantou mais de oito km de novas ciclovias, localizadas nas avenidas Mister Hull (dois km), Bezerra de Menezes (três km), no túnel da Bezerra de Menezes com Humberto Monte (340 m), Humberto Monte (dois km) e na Sargento Hermínio (700 m).

 

Outras vias receberão ciclovias, como José Bastos, Augusto dos Anjos e Germano Franklin.

 

Dicas

Fique atento

1. Use protetor solar no rosto e no corpo cada vez que for andar de bicicleta;

 

2. Antes de começar o trajeto, procure se alongar;

 

3. Procure andar sempre à direita da pista;

 

4. Use capacete;

 

5. Uma maneira de não cansar na pedalada é usar a força para trás. Ou seja, quando o pedal estiver em cima, relaxe a perna e force com a outra, que estará embaixo.

 

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Comentários

Jonas Bertucci - 04 de Março de 2013 às 17:13 Positivo 2 Negativo 0

O título da notícia deveria ser: "O sufoco de pedalar sem respeito!" Ciclovias são importantes, mas não são a única forma de deslocamento por bicicleta, que em grande parte do tempo vai continuar sendo pelas ruas de baixa velocidade e pouco fluxo. ;)

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