Motoristas, pedestres, ciclistas e os próprios agentes de trânsito tentam se adequar às mudanças. Nesta quarta-feira (29), a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) realiza uma audiência pública para ouvir sugestões da comunidade em relação ao binário*.
A ideia é incorporar as sugestões que forem tecnicamente viáveis e tentar por fim às críticas da população desde que o binário foi implantado.
No próximo sábado, entrará em vigor a readequação da rua Virgínia Loreto, que passará a ser mão única no sentido da rua João Tude de Melo. Outra decisão é manter de forma permanente dois agentes de trânsito no entorno da Praça do Parnamirim. O papel dos agentes vai além dos tempos dos semáforos. Os agentes tentam reduzir os congestionamentos liberando ou fechando a passagem dos carros, independente do sinal está verde ou vermelho.
Também são os agentes que estão improvisando um ponto de passagem para os pedestres. A faixa de pedestre que existe nas imediações da praça no sentido de quem vem da Rua Padre Roma perdeu a função desde a remoção do semáforo. “Ninguém espera o pedestre passar. Os carros ficam em cima da faixa”, criticou a dona de casa Maria Estelita de Jesus, 54 anos.
Se para o pedestre o trânsito ainda está confuso, para os ciclistas a definição de uma ciclofaixa trouxe mais segurança, mesmo quando eles usam o contrafluxo. “Se eu não fizer o caminho de volta pela ciclofaixa, mesmo na contramão, terei que ir pela Avenida 17 de agosto, que não tem ciclovia. Acho melhor por aqui”, revelou o estudante Lucas Matos, 17 anos. Segundo ele, os carros estão respeitando o espaço da ciclofaixa e os ciclistas conseguem se entender. “A gente espera o outro passar se for preciso. Aqui na faixa a gente se entende”, afirmou o estudante.
Ainda totalmente insatisfeitos estão os motoristas, que não sentiram melhora no tráfego até agora. “Não melhorou nada. Entrei nessa rua porque esqueci que estava assim e já me arrependi”, disse o taxista André de Castro, 37 anos. Apesar de já admitir a necessidade de mudanças, a presidente da CTTU, Maria de Pompéia, faz um balanço positivo dos 30 dias da implantação do binário. “A introdução de um binário é sempre positiva porque permite mais segurança. Com a mão única se reduz o atrito lateral e permite mais fluidez”, revelou Pompéia. Em relação às críticas do binário, ela se defende. “É um ponto que já tinha problema e pode ter se acentuado depois do binário. Por isso é importante essa a audiência pública para que as pessoas possam trazer sugestões e contribuir para melhoria do tráfego. Estamos abertos a isso”, ressaltou.
*Criado para “desafogar” o trânsito dos grandes centros urbanos, o sistema binário envolve mudanças no sentido do tráfego em ruas e avenidas de uma mesma região. A ideia (de concordância não consensual entre os técnicos) é alternar o sentido do tráfego, instituindo mão única para vias paralelas, o que aumentaria a fluidez do trânsito. Esse modelo começou em Curitiba há décadas, e agora vem sendo aplicado em outras cidades brasileiras.
Leia também:
Recife não ganha um corredor de ônibus há mais de 4 anos
Invisíveis, mas nem tanto
Sistema integrado no Recife, quando concluído, receberá o dobro de usuários