A sociologia e a teoria das burocracias públicas explicam esses fenômenos e, na prática, essa situação se repete em épocas eleitorais.
Velhos projetos, novas roupas e pouco espaço efetivo para participação da população e sociedade civil. Sem contar a proximidade de grupos de interesse que influenciam a não ação para a melhoria de sistemas de ônibus.
No Brasil, não existe processo institucional transparente para estudos e tomada de decisão sobre projetos de infraestrutura urbana. Não há também integração das políticas públicas. Cada nível de governo tem sua agenda.
No caso dos monotrilhos em SP, todos esses ingredientes perigosos estão na mesa.
Os monotrilhos têm histórico controverso pelo mundo, já que foram muitos os projetos sem sucesso. Todos eles tinham dados otimistas sobre custos, capacidade, prazos e viabilidade financeira.
Em Jacarta, Bangoc e outras cidades asiáticas, as ruínas das estruturas elevadas persistem, mas os atores que as fomentaram passaram ilesas aos fracassos, mudando de nome e fomentando outros projetos pelo mundo.
Nos poucos projetos que avançaram, alguns entraram em falência (Kuala Lumpur) ou amargam prejuízos operacionais (Las Vegas e Dubai).
Com a Copa na África do Sul (2010), projetos foram lançados, mas, após estudos e recursos desperdiçados, corredores BRT foram feitos, pois tinham a melhor equação de eficiência econômica e social pelo gasto a ser feito.
Atualmente, existem mais de 200 cidades pelo mundo com projetos de BRT em execução, enquanto poucas estão construindo monotrilhos.
Os interesses e grupos defendendo cada tecnologia têm argumentos legítimos.
O que falta é criar mecanismos para entender melhor o impacto econômico e social de cada um deles. E escolher o melhor para cada realidade urbana e financeira.
*Adalberto Maluf é diretor em São Paulo do grupo C40 (Grandes Cidades para a Liderança Climática), em parceria com a Fundação Clinton
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