Imagine que você está a pé em São Paulo, na avenida Paulista, no sentido Consolação, e quer ir para a avenida Brasil. Uma placa te diria para virar à direita, mesmo que a avenida Brasil fique na direção oposta, à esquerda. A sinalização só fará sentido, evidentemente, se você estiver de carro: daí sim, precisa virar à direita para, então, fazer o retorno.
Agora repare como nas cidades brasileiras a sinalização serve prioritariamente (e, muitas vezes, exclusivamente) aos carros. Isso significa que as placas estão a serviço da minoria das pessoas. Em São Paulo, apenas 28% da população se locomove de carro. Temos a impressão de que a maioria das pessoas está nos automóveis porque ele ocupa mais espaço: 78% das vias. São 3,8 milhões de carros circulando todos os dias.
É claro que foi o modelo de urbanização de São Paulo (e de outras cidades brasileiras) que priorizou o carro. Mas uma sinalização que contemplasse outros modais (quem está à pé, de bicicleta e de transporte público) poderia ensinar mais gente a percorrer a cidade de outras formas. Pela Europa, conheci uma porção de exemplos interessantes.
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Em Londres, a cada esquina há um mapa como esse, que mostra tudo o que pode ser percorrido à pé em um raio de 5 quilômetros, indica para onde está o norte e a direção dos principais bairros da cidade.
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Nos pontos de ônibus de Copenhague há um mapa da cidade que indica o itinerário dos ônibus de cada uma das linhas que passam por lá. Aliás, os pontos também são equipados com cabines para que os usuários de transporte públicos fiquem confortáveis e protegidos do frio e da chuva.
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Em Copenhague há semáforos exclusivos para as bicicletas. O sistema de semáforos da cidade prioriza, em primeiro lugar, a fluidez dos pedestres, depois dos ciclistas e, por último, dos carros. Se um ciclista pedalar a 20 km/h vai pegar todos abertos: é a chamada “onda verde”, para garantir que esse seja o meio de transporte mais eficaz da capital dinamarquesa.
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Essa placa faz parte de uma campanha da prefeitura de Londres que diz “mate a sua velocidade, não uma criança”. O objetivo é conscientizar os motoristas sobre a necessidade de manter uma velocidade compatível com a vida humana.
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Na França, é muito comum as bicicletas poderem circular na contramão dos carros, como mostra essa placa no centro de Paris, que indica “sentido proibido, exceto para bicicletas”.
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Essa placa mostra as prioridades de uma rua no centro de Paris. Primeiro vem o pedestre, depois o ciclista e, por último, o carro. A velocidade máxima permitida é de 20 km/h.
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A sinalização também pode ser artística. Nesse banco à beira do rio Tâmisa, em Londres, a placa diz “todo mundo precisa de um espaço público para pensar”.