Prefeitura de São Paulo não cumpre meta dos 66 km de corredores de ônibus

Apenas 12 km, menos de 20% da meta, foram concluídos desde 2006 e a cidade tem hoje apenas 0,73% de suas vias com corredores

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Fonte: Diário de São Paulo  |  Autor: Da redação  |  Postado em: 06 de agosto de 2012

São Paulo não investe em corredores de ônibus

São Paulo não investiu em corredores de ônibus

créditos: Divulgação

 

Oito horas da manhã e os ônibus disputam espaço com carros e caminhões na Estrada do Campo Limpo, na zona sul da cidade. Os semáforos abrem e fecham e os veículos avançam poucos metros. 

 

Essa cena corriqueira não se repetiria todos os dias se a Prefeitura tivesse cumprido sua meta de implantar 66 km de corredores exclusivos para ônibus, inclusive nessa via. 

 

São Paulo tem uma frota de 15 mil ônibus, que cobrem 1.342 linhas de norte a sul e de leste a oeste. Para traçar um raio X desse serviço, às vésperas das eleições, a equipe de reportagem do jornal Diário de S, Paulo realizou uma série de reportagens, na qual percorreu a linha campeã de reclamações, a melhor avaliada pelos usuários e o maior corredor exclusivo. Foram testados os avanços tecnológicos que estão disponíveis e flagrou esquemas clandestinos de transportes. E ouvidos especialistas, que apontaram problemas e soluções para o transporte público na maior cidade da América Latina.

 

“A atual administração não deu continuidade ao plano de investimentos em transporte público que vinha sendo implantado há dez anos”, afirmou Flamínio Fichmann, consultor de transportes. 

 

“A prefeitura está investindo em trilhos, o que não é da sua competência, e deixando os ônibus de lado". Fichmann se refere ao fato de o governo municipal estar colocando recursos próprios no Metrô e em monotrilho, modais da responsabilidade do estado.

 

Outro especialista, Horácio Figueira, vai além ao falar na falta de prioridade do transporte coletivo sobre pneus. “O congestionamento de automóveis é inevitável, mas o de ônibus é imperdoável.”

 

Ambos defendem medidas já adotadas em outras cidades, como Curitiba, no Paraná, para dar maior fluidez ao tráfego de coletivos. Uma delas é um sistema nos semáforos que detecta a presença do ônibus e aumenta o tempo em verde enquanto diminui o de vermelho para eles passarem. “Essa medida adotada em Londres, na Inglaterra, em 1977, diminui o tempo do percurso em 30%”, disse Figueira.

 

Outra ação, ainda mais simples, segundo o consultor, é permitir que ônibus façam ultrapassagens nos corredores, utilizando as faixas destinadas aos carros, como é permitido no caso dos táxis. “Às vezes, um ônibus estaciona para descer um idoso e fica três minutos parado, formando uma fila atrás dele”, afirmou Figueira.

 

“Permitir a ultrapassagem seria péssimo para os carros, mas ótimo para os coletivos. É isso o que importa quando pensamos no sistema de transportes de uma cidade.”

 

O objetivo dessas medidas é aumentar a velocidade média nos principais corredores da cidade, que em horários de pico chega a ser a mesma de um pedestre, de acordo com o monitoramento realizado.

 

Nem metade das metas de mobilidade foi cumprida

A prefeitura paulistana não cumpriu nem a metade das promessas de mobilidade urbana previstas no plano de metas Agenda 2012. 

 

Entre elas estava a requalificação de dez terminais urbanos. Apenas dois foram concluídos: o Terminal Cidade Tiradentes, na Zona Leste, e o Terminal Jardim Ângela, na Zona Sul. Outra meta previa a requalificação de 38 km de corredores exclusivos. Apenas o Corredor Rebouças, de 10 km, recebeu reparos.

 

Também na Agenda 2012 aparece a construção de nove terminais urbanos. Apenas um, o Campo Limpo, na Zona Sul, foi entregue. O programa de metas previa ainda a conclusão do corredor Expresso Tiradentes e a revitalização de 46% dos abrigos de pontos de ônibus. Nenhuma dessas metas foi concluída.

 

A prefeitura disse que lançou licitação em abril passado para a construção de novos corredores de ônibus. No total, serão 68,5 km de vias exclusivas para o transporte público. A previsão de investimento é de R$ 2 bilhões. “Como o sistema de transportes da cidade de São Paulo deve operar de forma integrada entre os modais de pneus e trilhos, a prefeitura já aplicou R$ 1 bilhão na expansão da rede de Metrô.” Além disso, a Secretaria Municipal de Transportes vai implantar mais de 130 km de corredores de ônibus à direita das vias e faixas exclusivas.

 

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