“Você não pode deixar de visitar curitiba”. A recomendação foi feita pelo urbanista dinamarquês Jan Gehl, ao saber que o projeto Cidades para Pessoas ia percorrer centros urbanos pelo mundo buscando boas ideias de planejamento. “Curitiba é o melhor exemplo brasileiro”, disse Gehl. Não demorei a confirmar sua opinião.
Andar pelo centro de Curitiba é percorrer caminhos entre praças. Elas são numerosas e sempre possuem o que os urbanistas chamam de “locais de permanência” – aquilo que conhecemos como bancos. Mesmo que eu não tenha saído de casa em busca de praças, elas apareciam pelo caminho, assim como surgiu o Passeio Público – o parque mais antigo da cidade, com entrada livre – e a Rua das Flores – a primeira via de pedestres do Brasil. São espaços integrados à cidade, dentro de um circuito que eu percorria, intuitivamente, à pé.
Trânsito? Há, como na maioria das grandes cidade. Mas os eixos do transporte público da foram pensados justamente para desafogar o excesso de carros em longos deslocamentos. Os ônibus de curitiba transitam por linhas de vias expressas exclusivas e possuem estações tubulares de embarque. O sistema está sobrecarregado, é verdade, mas não precisa competir com os carros para transitar, uma vantagem e tanto.
Por que foi assim?
Há dois marcos importantes para entender a história do planejamento de Curitiba. O primeiro é a presença do arquiteto francês Alfred Agache, que percorreu várias capitais brasileiras, onde propôs planos e ideias para melhorá-las. Agache buscou nas raízes da arquitetura francesa conceitos que diziam que uma cidade deve ter um centro forte e crescer em círculos ao redor desse centro. Quando chegou à Curitiba, na década de 40, a cidade tinha 180 mil habitantes. Propôs a criação de centros especializados em comércio, indústrias, educação e convívio social. São dessa época o Centro Cívico, a rua Cândido de Abreu, o centro universitário Politécnico e o Mercado Municipal. “Ese plano garantiu que Curitiba tivesse um início de crescimento organizado”, explica o arquiteto de planejamento do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Reginaldo Reinert.
O segundo marco se deu 20 anos mais tarde. Na década de 60, a cidade cresceu muito, o que concidiu com a facilidade de crédito para adquirir automóveis. E esse foi um momento divisor de aguas para Curitiba. Foi aí que a cidade optou por um crescimento a longo prazo e que priorizasse as pessoas, em detrimento dos carros. Quem conta essa história, no vídeo, é o ex-prefeito Jaime Lerner e o arquiteto Reginaldo Reinert.
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