Prefeitura de São Paulo entregou apenas 67% das ciclovias prometidas

Apesar de afirmar ter cumprido integralmente a meta, administração municipal contabiliza ciclorrotas e até ciclofaixas de lazer como estruturas de transporte

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Fonte: Spresso SP  |  Autor: Da redação  |  Postado em: 05 de julho de 2012

Ciclovias devem ser tema importante nas eleições m

Ciclovias são tema de campanha eleitoral

créditos: Blog do Milton Jung / Flickr

A prefeitura de São Paulo publicou na Agenda 2012 seu plano de metas, afirmando que teria cumprido integralmente a meta de 100 quilômetros de ciclovias e ciclofaixa proposta para os quatro anos da gestão de Gilberto Kassab. A administração teria ido além, aliás, e entregado 134,6 quilômetros.

 

Entretanto, se descontados os 67 quilômetros de ciclofaixas de lazer, que só funcionam aos domingos, percebe-se que a prefeitura entregou apenas 67% do planejado com a construção de infraestrutura cicloviária. Em 2011, quando o plano de metas foi revisado pela prefeitura, foram excluídas da meta ciclovias em Ermelino Matarazzo, São Miguel, Jardim Romano, Casa Verde, Butantã, Jabaquara, Parelheiros, Santo Amaro e Pinheiros, sendo substituídas por ciclofaixas e ciclorrotas.

 

Para o cicloativista e redator do site Vá de Bike, William Cruz, as ciclofaixas de lazer são importantes, mas não substituem as ciclovias. “As ciclofaixas são muito importantes para a cidade pois precisamos também de opções de lazer. Elas incentivam o uso da bicicleta e muita gente que a utiliza depois percebe que é viável usar a bicicleta durante a semana. Outra vantagem é que uma pessoa que utiliza a ciclofaixa de lazer depois pode acabar vendo a bicicleta de outra forma quando estiver dirigindo”, acredita. “Mas a ciclofaixa de lazer não pode ser considerada uma infraestrutura cicloviária de transporte porque tem horário de funcionamento. Se quiser ir ao trabalho de bicicleta, na segunda-feira, não poderei. Então acredito que ela não deveria ser contabilizada com estrutura cicloviária, e sim estrutura de lazer”, afirmou.

 

Segundo o cicloativista, os candidatos à prefeitura têm se esforçado em entender a questão da mobilidade urbana por uma ótica diferente da usual. “Tenho percebido uma disposição grande dos candidatos para entender as demandas daqueles que utilizam a bicicleta como transporte e de quem quer começar a utilizá-la. Eles estão se esforçando para entender o problema e propor soluções. Se são as melhores soluções é um pouco cedo para dizer. Acho que isso vai gerar um debate legal como o que aconteceu em Londres”, conta. “A discussão sobre a mobilidade por bicicletas decidiu boa parte dos votos. Chegou na reta final e houve um debate entre os dois principais candidatos em cima da questão das bicicletas. Acho que existe uma grande chance disso acontecer em São Paulo esse ano, uma vez que a questão das bicicletas ganhou muita visibilidade. Há cada vez mais gente utilizando e outros que querem utilizar, mas não tem coragem, deve ser um tema importante no debate eleitoral.”

 

Paulinho da Força
Na contramão deste debate parece estar o candidato do PDT, Paulinho da Força. Ontem, em entrevista à BandNews FM, ele afirmou que não fará ciclovias ligando a periferia ao centro da cidade. Segundo ele, este tipo de ciclovia é “um convite à morte”.

 

Paulinho disse que pretende construir apenas ciclovias pequenas, de 3 a 5 quilômetros, no interior dos bairros. Para ele, a instalação de ciclovias no centro complicaria ainda mais o trânsito na cidade. “Ciclovia significa mais complicação. Quero levar os empregos para os bairros justamente por isso. Essa loucura que é hoje não pode mais acontecer. Quero investir na periferia”, afirmou o candidato.

 

William Cruz afirmou que o posicionamento do candidato demonstra grande desconhecimento sobre o tema. “Eu teria vergonha de dizer uma bobagem desse tamanho. Fica claro que, para o candidato, ciclovia é coisa para passear. Garantir a circulação segura de quem já utiliza a bicicleta, então, é coisa que nem passa pela sua cabeça. Conhece pouco seu eleitorado, composto por muita gente que atravessa a cidade em cima de uma bicicleta simples, vencendo dezenas de quilômetros diariamente, para contornar a deficiência de transporte público”, afirmou Cruz.

 

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