Seis prefeitos depois, de diferentes partidos, ambas continuam sem solução e atualmente estão, ao lado do sistema de saúde, no topo da lista de problemas.
A qualidade do atendimento em postos e hospitais públicos é hoje o maior motivo de insatisfação na capital. A área é apontada como o principal problema da rede de serviços municipais por 26% dos eleitores, segundo pesquisa Datafolha.
As entrevistas ocorreram nos dias 13 e 14 de junho com 1.077 pessoas. Foram ouvidos homens e mulheres de todas as regiões da cidade, com mais de 16 anos e que votam aqui.
"As respostas são espontâneas", explica o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino. "Isso mostra como a percepção de piora na saúde aumentou muito de 2008 para cá."
"A avaliação é significativa porque ela é constante", diz Paulino. "E, no caso da segurança, desde 2007 ela fica nesse mesmo patamar. O medo acaba sendo uma marca da cidade." O resultado, acrescenta, não costuma sofrer influência de ondas de crime, como a recente série de arrastões a restaurantes e condomínios.
Se por um lado as três áreas concentram a preocupação de mais da metade do eleitorado, questões tradicionais também aparecem, como educação, enchente e trânsito.
Na mesma pesquisa, o Datafolha perguntou aos entrevistados em qual área Gilberto Kassab (PSD) está se saindo melhor. Metade não soube apontar nenhuma. "É uma evidência de que a população está reprovando a gestão atual", afirma Paulino.
Na última quinta-feira, o prefeito fez o penúltimo balanço do seu programa de metas, instituído em 2009 para melhorar a infraestrutura da cidade e a vida dos moradores.
Com mais seis meses de mandato, 84 dos 223 objetivos foram concluídos, 138 estão em andamento e um deles, a transferência de verbas para o Rodoanel, não será cumprido. "Existe bastante entusiasmo pelos resultados apresentados", comemorou Kassab na ocasião.
A cinco dias do início da campanha, a sãopaulo mostra quais são os 11 principais problemas da cidade e apresenta soluções, apontadas por 40 especialistas entrevistados.
Falta de investimento e de vontade política são os motivos da permanência das mesmas reclamações por tantos anos. Sem essas duas iniciativas, nada mudará. "A trajetória não é fácil: precisa de recursos e de estrutura", diz Paulo Puccini, especialista em saúde pública.
Nas ruas, faltam recursos para destravar o nó da mobilidade. "Deixamos o problema acontecer e ficamos esperando uma solução mágica", afirma o professor Jaime Waisman, da Politécnica da USP.
A origem das falhas é antiga e revela a falta de planejamento. "Como crescemos demais e a infraestrutura não acompanhou, temos deficiência de segurança pública assim como de mobilidade", avalia o sociólogo Marcelo Batista Nery, do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
O que fazer para mudar? Atitude política, diz o arquiteto Jaime Lerner. "Quando você melhora a qualidade de vida da população, o custo político vale a pena."
Confira os principais problemas e as soluções apontadas por especialistas:
COLABOROU REGIANE TEIXEIRA