O projeto de implementação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Natal e região metropolitana, foi aprovado pelo Governo Federal. Orçado em R$ 136,5 milhões, o novo trem percorrerá 11 estações entre o bairro da Ribeira e terá como destino final a comunidade de Nordelândia, em Extremoz. Nenhuma linha nova será implementada e o trajeto será o já existente.
O VLT foi incluído pelo Governo Federal dentro do Plano de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), que tem como objetivo desenvolver ações estruturantes na mobilidade urbana de cidades com, no mínimo, 700 mil habitantes. O valor do repasse do financiamento para cada município inscrito no Plano, foi feito levando-se em consideração o número de habitantes da cidade.
Para Natal, com uma população de aproximadamente 804 mil pessoas, a verba disponibilizada foi de R$ 280 milhões. Deste montante, o projeto apresentado pelo Governo Estadual, que contempla a primeira fase do VLT, foi orçado em R$ 156 milhões. Dos quais, R$ 6 milhões, serão de contrapartida.
Para o diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER RN), Demétrio Torres, este é o exemplo de um projeto simples e relativamente barato que trará melhorias significativas para quem depende de transporte público em Natal, principalmente na zona Norte, e região metropolitana.
A confirmação da inclusão do projeto na linha de financiamento do PAC 2 foi feita por ele. O DER será o responsável pelo processo de licitação, contratação da empresa e fiscalização, pois o percurso percorrido pelo trem vai além dos limites geográficos de Natal. As mudanças a serem realizadas dentro de Natal, serão gerenciadas pela Prefeitura.
Após dois anos de pesquisas, das quais participaram a empresa de consultoria paulistana, Oficina Consultores, o projeto ficou pronto. Demétrio Torres ressaltou a participação dos técnicos do DER na confecção do documento e afirmou que não é prudente apresentar ideias ao Governo Federal sem um estudo fundamentado na realidade local e perspectivas de futuro. "Não adianta chegar com um mega projeto. Este que nós apresentamos é simples e com uma perspectiva de melhoria para o trânsito da capital e região metropolitana muito boas".
De acordo com a diretora do Departamento de Trânsito do DER/RN, Francine Goldoni, as pesquisas que serviram de embasamento para a criação do projeto levaram em consideração a projeção de crescimento da área contemplada até 2027. Além da pesquisa sobre as condições atuais do transporte público, foi feita uma pesquisa socioeconômica para traçar o perfil dos usuários e áreas de maior necessidade de estações de transferência.
"O Veículo Leve sobre Trilhos projetado permitirá transportar até 400 pessoas por vagão. As composições poderão ter até três vagões", destacou Francine. Em horários de pico, ela ressaltou que a composição poderá aumentar e nos horários intermediários, diminuir. A perspectiva é que o VLT seja entregue à população no segundo semestre de 2013.
VLT terá integração com ônibus
O projeto do VLT contempla uma série de mudanças que se forem realmente bem realizadas, trarão uma série de benefícios para a população. A previsão é que as modificações na linha férrea compreendida entre a Ribeira e a estação de Nordelândia, comecem no primeiro semestre de 2012. "Não será necessário fazer nenhuma desapropriação e não haverão impactos ambientais. Iremos substituir o antigo trem por uma estrutura mais moderna e confortável", afirma Demétrio Torres.
Estão programadas a operacionalização de 11 estações. Cinco delas serão para integração com os ônibus que circulam em Natal. Para isto, é preciso que o sistema de transporte urbano na capital esteja funcionando plenamente com a implementação das obras de mobilidade urbana projetadas pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) e que serão executadas pela Secretaria Municipal de Obras Públicas e Infraestrutura (Semopi).
As estações que já existem serão aproveitadas e a instalação de novas está sendo estudada. Nas que servirão de estação de transferência para os ônibus urbanos, poderão existir espaços para motocicletas, veículos e bicicletas. "As pessoas poderão se deslocar até as estações, deixarem os veículos no estacionamento e seguirem viagem no VLT. É uma possibilidade", comenta Demétrio. Além disso, alguns ônibus que fazem a linha zona Norte-Centro poderão ser retiradas ou diminuídas.
Para que o VLT funcione integralmente é preciso que o Município viabilize as intervenções nas áreas contempladas pelo PAC 2 e realize a licitação dos serviços de transporte público o quanto antes. O processo licitatório já se arrasta há anos e mais um adiamento foi solicitado ao Ministério Público. A nova data requisitada para a abertura da oportunidade é o final do ano. "É preciso que a legislação de trânsito seja reformulada e que a licitação seja feita imediatamente", ressalta Demétrio. O secretário afirma que o VLT é uma obra independente da Copa do Mundo 2014.
Prazo fixado para entrega da obra é 2013
A expectativa do DER é que o VLT seja entregue em 2013. Quando iniciado, o projeto será executado em 18 meses. A expectativa é que o processo licitatório ocorra até o final do ano. De acordo com Demétrio Torres, será uma licitação internacional. Porém, as empresas brasileiras terão vantagens sobre as estrangeiras. "Pretendemos utilizar a tecnologia nacional neste projeto", defende.
A gestão do empreendimento ainda está em estudo. "Ainda não sabemos qual será modalidade escolhida. Empresa mista, se será criada uma secretaria específica ou se terceirizaremos", esclarece o secretário. Questionado sobre a ampliação do VLT para a zona Sul da capital e Parnamirim, Demétrio afirma que tudo depende do sucesso da primeira etapa. A cobrança das passagens será feita através de bilhetagem eletrônica com descontos de até 100% entre uma viagem e outra. Demétrio destaca que a construção de novos empreendimentos para desafogar o trânsito resolve o problema por um curto intervalo de tempo. "Há uma cultura no Estado Brasileiro de não se planejar e estruturar o trânsito. Poderemos chegar ao caos se não houver planejamento".
Para o professor do Departamento de Engenharia Civil da UFRN, Enilson Santos, o VLT tem que vir acompanhado de uma série de medidas. "A adoção do sistema de trilhos modernos é uma grande ideia. Mas, para conseguir diminuir a circulação de veículos tem que haver medidas de restrição", afirma. Na opinião dele, para conseguir que a população deixe o carro em casa e utilize o transporte público não basta só oferecer qualidade do serviço. "O conforto de ter um carro não vai mudar. Mas se o condutor encontrar problemas para estacionar ou tiver que participar de um rodízio, iremos ver uma alteração de uma realidade que temos hoje", diz.