Calçadas devem compor um sistema, afirma especialista em São Paulo

Especialistas da área de transportes participaram do debate A Cidade vai parar na (i) mobilidade urbana?, realizado ontem (7) em S. Paulo. O Mobilize estava lá.

Notícias
 

 |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 08 de maio de 2012

Idelt_Mai_2012

Apresentação durante o seminário do Idelt

créditos: Regina Rocha/Mobilize

Calçadas devem ser estruturadas, projetadas, construídas e mantidas como um sistema de transporte, tal como os metrôs e trens urbanos. A opinião é do engenheiro Philip Gold, especialista em segurança de trânsito, que apresentou ontem uma proposta para mudar radicalmente a gestão dos caminhos de pedestres nas cidades brasileiras. 

 

Gold falou durante o encontro do "Projeto Seis e Meia", realizado nesta segunda-feira (7) pelo Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transporte e Meio Ambiente (Idelt), em São Paulo. Para debater o tema "A Cidade vai parar na (i) mobilidade urbana?", o Idelt convidou especialistas em transporte e urbanismo, como o planejador urbano Thiago Guimarães, consultor do Mobilize Brasil; Joaquim Lopes da Silva Jr., presidente da EMTU; o presidente da ANTP, Ailton Brasiliense; e o engenheiro Carlos Paiva. 

 

Philip Gold defendeu a ideia de que o caminhar é e continuará a ser uma componente das mais importantes no transporte urbano. "Toda a população do Brasil e do mundo caminha ao menos alguns minutos ao dia. E sem pessoas caminhando a pé não haveria passageiros nos trens e ônibus das cidades. O problema é que não enxergamos esta rede de transporte e por isso a qualidade é péssima, a pior no sistema de transporte", lembrou o especialista.

 

Gold mostrou alguns exemplos de como seria possível estruturar um sistema de caminhos, incluindo as calçadas, faixas de pedestres, sinalização específica, iluminação, paisagismo, passarelas e túneis, tudo para facilitar e tornar mais confortável a viagem do pedestre. O objetivo é aumentar a mobilidade, melhorar a condição ambiental das cidades e estimular a ocupação das cidades, ruas e praças pelas pessoas.

 

Carlos Paiva defendeu também o espaço para o pedestre, mas associado ao uso da bicicleta, que pode reduzir as longas caminhadas entre as casas, estações de transporte e os locais de trabalho. Paiva e Thiago Guimarães centraram suas palestras em mostrar as dinâmicas da cidade de São Paulo, com o progressivo esvaziamento das regiões centrais e o crescimento da população nos bairros periféricos. O resultado são as milhões de viagens realizadas todos os dias por paulistanos entre o centro, onde estão os locais de trabalho, e os bairros, a 30 km ou 40 km de distância. Algumas imagens projetadas por Paiva - ônibus, trens e estações superlotadas - mostraram o problema, de forma concreta.

 

A postura das autoridades tem sido a de "correr atrás" desse movimento da população, com a expansão das redes de metrôs e, especialmente de ônibus, como revelou o presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, Joaquim Lopes. Em sua apresentação, Silva traçou um panorama da expansão dos corredores de ônibus na região metropolitana, algo em torno de 200 km até 2014, incluindo a ligação entre o aeroporto de Cumbica e a estação Tucuruvi do metrô, na zona norte de São Paulo.

 

Política de Mobilidade Urbana
Ailton Brasiliense, da ANTP, lembrou a recente vigência da nova política nacional de mobilidade urbana, as oportunidades e desafios que a lei traz. E sugeriu que a sociedade se organize e leve suas propostas aos candidatos das próximas eleições. "Não adianta esperar propostas dos governantes. A sociedade é que precisa organizar suas proposições de mobilidade e levá-las aos candidatos e depois cobrá-los", declarou Ailton.

 

Ele fez um breve histórico sobre a urbanização da cidade de São Paulo, lembrou que a capital chegou a ter mais de 300 km de trilhos - e linhas elétricas - de bondes, até a chegada do automóvel e a decisão do prefeito Prestes Maia, de iniciar um plano de avenidas para abrir espaço ao novo modo de transporte mais moderno que o automóvel então representava. "Até 1950, quase 90% das viagens urbanas eram feitas por transporte público e o tempo médio de viagem não passava de dez minutos".


O Idelt realiza os debates do "Projeto Seis e Meia" todos os meses, sempre sobre um tema relacionado ao transporte urbano e sempre aberto à participação do público. Para saber mais, acesse o site www.cargaurbana.org.br

Comentários

Antonio Carlos - 09 de Maio de 2012 às 11:39 Positivo 0 Negativo 0

Continuamos pensando que o debate sério sobre mobilidade urbana discutiria denpronto transporte coletivo com qualidade, aí entendendo o todo. Afinal bicicleta é transporte individial também, S. Paulo com 6 milhões de Bikes circulando, não sei não.

Clique aqui e deixe seu comentário