Como quase todo o paulistano, os irmãos Rogério e Renato Rovito sofriam com os problemas do trânsito da capital. Como quase todo filho de empreendedor, eles também começaram a sonhar com o próprio negócio quando concluíram o curso de Engenharia Mecânica.
A união do útil ao agradável se deu em 2010, quando um amigo em comum, o engenheiro mecatrônico Alexandre Lima, voltou de uma feira de duas rodas na China onde descobriu as bicicletas motorizadas. Juntos, o trio fez uma nova visita ao país, onde encontraram fornecedores e deram o primeiro passo para a fundação da Evolubike, empresa especializada no desenvolvimento de bicicletas elétricas.
“Nós queríamos fazer alguma coisa relacionada à sustentabilidade e quando pesquisamos o mercado, percebemos que a questão da mobilidade também estava em pauta no País, mas havia o desconhecimento de soluções como essa”, diz o diretor financeiro, Rogério Rovito.
A maioria das bicicletas elétricas vendidas no País são comercializadas por importadoras que trazem principalmente modelos fabricados na China. A ideia dos sócios foi aproveitar essa oportunidade e a boa perspectiva de mercado para criar os primeiros modelos totalmente nacionais.
Pesquisa do instituto americano de pesquisa ambiental Pike Research, indica que existem atualmente 17 milhões de bicicletas e motos elétricas no mundo. O mesmo estudo prevê que até 2017 esse número deve aumentar para 138 milhões.“Acreditamos também que veículos movidos a energia elétrica são o futuro do transporte das grandes cidades o que significa uma grande oportunidade de negócio”, diz Rogério.
O projeto de cada bicicleta é totalmente desenvolvido pelos empreendedores e parte das peças (motor e bateria) são importados da China. O diferencial do produto brasileiro, segundo Rogério, está no design. “O brasileiro tem um biótipo diferente do chinês e percebemos que era importante ter um produto especialmente desenhado para o nosso consumidor”, explica.
A marca Evolubike possui até agora três modelos de bicicletas, que custam entre R$ 3 mil e R$ 3,6 mil e alcançam velocidades que vão de 20 a 40 quilômetros por hora. A grande aposta da empresa é em um modelo dobrável, que pode ser armazenado dentro de uma mochila, feito para quem concilia o uso de transporte público com a bicicleta.
Os sócios investiram R$ 700 mil na empreitada e venderam até agora aproximadamente 750 unidades, o que garantiu um faturamento de R$ 1,5 milhão no ano passado.
O desafio dos fundadores da Evolubike para popularizar o produto no País é lidar com a legislação brasileira, que classifica bicicletas elétricas como ciclomotores, diferentemente de outros países. De acordo com o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) veículos de duas rodas e que alcançam velocidade acima de 25 quilômetros por hora devem ser licenciados, seus condutores precisam ter mais de 18 anos e possuir uma Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC).
Estratégia. Para dobrar o faturamento já neste ano, o trio aposta em um novo lançamento: o Toten de recarga para bicicletas elétricas que pode funcionar também com energia solar. A peça, que pode ser acoplada a postes elétricos nas ruas, já foi instalada na cidade de Aparecida, no interior de São Paulo, e em Moema, na Zona Sul da capital. Eles também fecharam parcerias de venda com grandes varejistas, como os sites Submarino e Americanas.com.
Apesar disso, eles querem lançar em até um ano a primeira loja própria e expandir o negócio pelo modelo de franquias. Até 2014, eles querem abrir também uma fábrica maior. “É um mercado ainda novo, mas que está crescendo ano a ano”, diz Rogério.
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