Mobilize

No Rio de Janeiro, a má conservação das calçadas se nota nos muitos buracos e desníveis encontrados pelo caminho, o que levou a equipe do Mobilize a dar nota 4,5 neste levantamento realizado para a campanha Calçadas do Brasil.

Na Rodoviária Novo Rio, assim como na Central do Brasil - local por onde passam diariamente cerca de um milhão de pessoas - faltam rampas e o lixo acumula-se no passeio. Já os ambulantes são obstáculo não só nas áreas centrais, mas invadem até bairros de classe média como Botafogo e a famosíssima Copacabana.

Outro problema é a falta de acessibilidade das calçadas. A exceção, segundo a presidente do CVI Rio (Centro de Vida Independente do Rio de Janeiro), Lilian Pinto Martins, são as vias contempladas pelos programas Rio Cidade 1 e 2, que ao serem reurbanizadas receberam rampas de acessibilidade. Mesmo assim, nalguns locais, como a rua Voluntários da Pátria (Botafogo), os pisos de pedras têm desníveis, irregularidades e fissuras que dificultam a circulação. Outro entrave são "algumas edificações, que avançam sobre as calçadas, fazendo com que fiquem reduzidas, mesmo estando ao lado de calçadas de maior amplidão", diz.

Lílian explica que em outros bairros do programa Rio Cidade, a dificuldade foram as calçadas históricas, com desenhos projetados por arquitetos, em torno de parques e jardins; nesses casos, não teve jeito: a acessibilidade ficou em segundo plano para não desrespeitar o patrimônio.

Outras áreas da cidade, como no entorno de estações do Metrô-Rio (caso das ruas Figueiredo Magalhães e Siqueira Campos, em Copacabana), as calçadas são impraticáveis para a circulação de cadeiras de rodas. "Além de serem estreitas em alguns pontos, têm aclividade acentuada, incompatível com o acesso para cadeirantes", explica a presidente do CVI. Entre a estação Figueiredo Magalhães do metrô e a av. Copacabana, as ruas transversais não têm rampas para travessia, e o jeito que o cadeirante encontra é seguir o rebaixamento natural das guias de rua, ou aproveitar a declividade das rampas de garagem para poder atravessar a rua. "Muitas vezes a pessoa é obrigada a circular por uma rua com trânsito pesado, só para escapar deste tipo de problema", lamenta.

Em outras partes do Rio, acrescenta Lílian, também há ruas com calçadas esburacadas e mal conservadas e rampas mal executadas, que terminam em degrau. Pelo que ela constata, as calçadas mais regulares são mesmo as da Av. Atlântica, o celebre calçadão do Rio. Já nas ruas transversais do calçadão voltam os problemas: irregularidades e rampas excessivamente inclinadas, fora do padrão recomendado na norma.

 RIO DE JANEIRO

Locais avaliados

Central do Brasil

Patrimônio no Rio de Janeiro e tema de filme homônimo,  a estação de trens mais famosa do país tem calçadas mal conservadas, abarrotadas de camelôs que impedem a circulação de pedestres.  No local, passam diariamente cerca de um milhão de pessoas

Entorno da Rodoviária Novo Rio

O principal terminal rodoviário do Rio de Janeiro não oferece calçadas adequadas aos passageiros que chegam à cidade. O piso é irregular, de mosaicos de pedra tipo "petit pavê", muito degradado, com buracos e desníveis. Além disso, as calçadas são ocupadas por barracas de ambulantes e bloqueadas por lixo e detritos. Não há rampas de acessibilidade.

Aeroporto Santos Dumont

As calçadas no entorno do aeroporto doméstico do Rio têm pavimento um pouco irregular, com degraus e obstáculos que impedem a circulação de cadeirantes, embora existam algumas rampas de acessibilidade. Iluminação e sinalização são adequadas.

Copacabana

O calçadão de Copacabana é um dos locais mais badalados do Rio de Janeiro, com seu pavimento de mosaico de pedra. No entanto, o piso é irregular, com vários remendos, desníveis, barracas de ambulantes e outros itens que impedem a circulação dos pedestres ou cadeirantes.

Botafogo

Há cerca de uma década, as ruas do bairro passaram por um processo de reurbanização, dentro dos programas Rio Cidade 1 e 2. Assim, a maior parte das vias recebeu rampas de acessibilidade, mas os pavimentos de placas e mosaicos de pedras ainda têm desníveis, irregularidades e fissuras que dificultam a circulação.

Os pedestres do Rio de Janeiro também sofrem pelo hábito arraigado dos motoristas cariocas de estacionar os veículos sobre as calçadas, impedindo a circulação livre.