A viagem era exaustiva e cheia de percalços entre Maceió e Lourenço de Albuquerque, em Rio Largo. Mas, atualmente, o chamado do trem não é mais um incômodo para quem precisa se deslocar de um município para outro, seja em que horário for. A mudança é percebida por quem agora usa o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como forma de locomoção com baixo custo, comodidade e segurança.
Ao percorrer o itinerário entre a capital e Rio Largo, percebe-se a unanimidade da opinião das pessoas: “Viajo de VLT por diversos motivos, mas o conforto é o que mais me deixa à vontade em sair de casa para trabalhar”, relata Jeane Costa, cantora.
Ela precisa fazer três viagens por semana para a capital e faz questão de esperar o VLT para resolver seus compromissos. Por falar em horário, a pontualidade é outra exigência já que, ao contrário do antigo trem, o mais novo veículo alagoano leva uma hora para percorrer de Maceió a Satuba, tendo em vista que a linha férrea para Lourenço de Albuquerque ainda está em construção, em decorrência das chuvas de junho de 2010.
“Não posso me atrasar e, por isso, ando com os horários do VLT na bolsa. A pontualidade do dia a dia precisa ser respeitada e é isso que acontece. Quando íamos no antigo trem, era preciso aguardar mais de uma hora e, hoje, temos a mordomia de esperar pouco mais de 25 minutos para viajar”, analisa Fátima Ângela, que trabalha com vendas.
A realidade de quem anda no VLT de Maceió praticamente é outra comparada com a de quem andava no antigo trem: uma pessoa não precisa dividir os seus assentos com animais, sacolas sujas, nem ter outros tipos de contratempos.
Esses transtornos deram lugar a uma viagem confortável, com 152 passageiros sentados e mais 410 em pé. Sem exceção, todos vão no ar condicionado, o que torna a viagem mais cômoda.
Viagem permite que usuário contemple paisagem no percurso
Viajar e ainda contemplar as belezas naturais da Lagoa Mundaú agora é rotina para muitos. A paisagem passava despercebida pelos passageiros do antigo trem.
Embora possa parecer exagero, as pessoas que utilizam diariamente o VLT aprenderam a admirar como a vida passa sem aperreios enquanto admira as cenas do cotidiano.
Certa vez, a dona de casa Janaína dos Santos acabara de sair da estação de Satuba para Maceió. Embarcou no VLT e sentou-se à janela. “Não tinha noção do quanto é admirável a nossa lagoa. É saudável para nós que levamos uma vida tão corrida saber que temos muito a aprender com a natureza e o que ela nos reserva. Quando utilizávamos o trem, entrávamos correndo para pegar um lugar e nos espremer diante de tantas pessoas. A única coisa que dava vontade era aguardar que o nosso destino chegasse e ponto final”, relata Janaína.
Entre uma parada e outra, seja saindo de Maceió ou de Satuba, nota-se o quanto as pessoas estão tranquilas durante o percurso.
Alguns fatores como segurança, limpeza e até mesmo a poluição sonora são determinantes para o convívio harmônico entre os passageiros. “É inadmissível que a população utilize veículos sujos ou sintam-se incomodados com a variedade de músicas, muitas vezes de baixo calão, tocadas a toda altura. Aqui é regra: fone de ouvido, ambiente limpo e respeito ao próximo”, conta o maquinista Luiz Carlos, que faz duas viagens por dia, e raramente lida com reclamações.
Com relação à proteção das pessoas, o Veículo Leve sobre Trilhos conta com dois seguranças que rondam permanentemente os vagões. Além do mais, as janelas fechadas impedem que alguns objetos sejam arremessados contra os passageiros e causem danos.
População quer VLT também na área urbana
Evoluir se faz necessário para estender os bons serviços à população. E é nesse contexto que a sociedade aguarda novas rotas para o Veículo Leve sobre Trilhos.
O olhar parte de quem utiliza o VLT saindo de Rio Largo ou Satuba para Maceió. O ideal, revela a estudante Tatiana da Silva, era expandir a linha férrea para outros bairros da capital alagoana, e não ficar limitado ao Centro.
“Eu sei que já é um avanço chegar no horário em Maceió, e ainda viajar com tranquilidade. Entretanto, já ouvi falar que o VLT pode ir até o bairro de Jaraguá ou até mesmo ao bairro de Mangabeiras. Isso seria relevante para nós”, justifica.
A esperança provocada pelo VLT não condiz apenas com o desejo de uma nova rota. O bolso também é fator preponderante para quem necessita se deslocar.
“Gasto 50 centavos para sair de Satuba ou Rio Largo para Maceió. Se vou de táxi ou de ônibus vou pagar três reais e não terei conforto. Aqui, os nossos direitos a assento especial e os lugares reservados aos deficientes são respeitados”, analisa o aposentado José Gomes, que enfrentava transtornos para chegar em Maceió.
Prefeitura tem projeto para implantar novo trem na Avenida Fernandes Lima
A Prefeitura de Maceió já tem o projeto de implantar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Avenida Fernandes Lima. Conforme a proposta, o novo trem fará um trajeto de 20 quilômetros, partindo na Praça Centenário até a Central de Abastecimento, no bairro do Santos Dumont. A ideia já foi apresentada ao Ministério das Cidades e pode entrar no rol de projetos do Programa de Aceleração do Crescimento da Mobilidade (PAC Mobilidade). O VLT da Fernandes Lima deve beneficiar cerca de 3,5 milhões de passageiros todos os dias. O projeto prevê a criação de 10 estações, nos dois sentidos, incluindo na Avenida Durval de Góes Monteiro. O trajeto de uma hora será percorrido em cerca lde 15 minutos.
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