O evento ocorreu na sede da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) e teve como público-alvo pessoas portadoras de deficiência.
“Nosso intuito, com esta audiência, é dar a palavra à pessoa com deficiência para que ela possa manifestar os pontos que considere fundamentais para compor o edital de licitação. Estamos desenvolvendo este documento de forma plural e democrática, para que possa atender as reais necessidades e anseios dos usuários do transporte coletivo”, explica o superintendente da SMTT, Antonio Samarone.
A licitação do transporte público faz parte do desenvolvimento do Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Aracaju (PDMU), que vem sendo amplamente debatido com a sociedade desde janeiro. Para a Presidente da Associação de Deficientes Visuais de Sergipe (Adevise), Isis Cristina de Oliveira, é muito importante a inserção dos deficientes na discursão do PDMU e do edital de licitação.
“É importante que o deficiente tome consciência do que está acontecendo na cidade, do que vem sendo debatido, para que possa expressar sua opinião e lutar por seus direitos. Infelizmente, Aracaju ainda não é uma cidade com acessibilidade, sobretudo para o deficiente visual, temos esperança que a partir das nossas propostas e das demais propostas já feitas em outras audiências, esta realidade mude”, declara a presidente.
O vice-presidente da Adevise, Jossivaldo Silva de Jesus, disse que as cidades ainda não são espaços seguros para as pessoas com deficiência. “Para se ter uma ideia temos hoje em Sergipe 4.226 cegos, onde tá esse povo? Tá em casa porque as cidades não são preparadas. Para nós, fazer parte deste debate é fundamental, já que este é um momento único. O município de Aracaju está de parabéns por ter tido a inciativa de convidar diversos segmentos da sociedade para debater mobilidade urbana. Acessibilidade é para todos: cadeirantes, cegos, idosos, obesos, grávidas. Aracaju esta vivendo um momento muito importante e nos sentimos orgulhos de participar dele”, afirmou.
O presidente do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Niceu Dantas, lembra que o plano de mobilidade é uma Lei nacional e vem em uma boa hora. "Ainda existem muitos obstáculos na cidade que dificultam a vida do deficiente. Estamos aqui para fazer propostas que garantam a nossa segurança e o nosso direito de ir e vir”.
Preposições
Membro do Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência, Carlos Almeida, propôs capacitação para os profissionais do transporte público e melhoramento da frota. “Precisamos de ônibus novos, que atendam as nossas necessidades. Os motoristas e cobradores devem passar por treinamento para saber como lidar com o público, principalmente com os deficientes e idosos”, afirmou.
O cadeirante e membro da Fraternidade Cristã dos Doentes Crônicos e Deficientes Físicos (FCD), Fausto Joaquim, aponta a segurança como peça fundamental. “Não devemos lutar apenas por acessibilidade, mas por acessibilidade com segurança. Os equipamentos dos ônibus que garantem o acesso do deficiente devem passar por manutenção periódica, os operadores destes equipamentos devem estar devidamente treinados para operá-los. Além disso, é necessário rampas nos pontos de ônibus e a conservação das calçadas”, comentou.
Para o representante do Centro de Apoio Pedagógico a Pessoa com Deficiência Visual (CAP), Francisco Luiz, não só as barreiras físicas atrapalham na inclusão dos deficientes. “É muito bom perceber que a sociedade vem se preocupando cada vez mais com a questão da acessibilidade. Mas não adianta eliminarmos as barreiras físicas se não eliminamos a barreira do preconceito. Este debate é uma iniciativa louvável da SMTT e também estão de parabéns os Conselhos Municipal e Estadual da Pessoa com Deficiência e os demais segmentos que lutam para garantir os diretos dos deficientes”, pontuou.
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