As futuras estações da Linha 5-Lilás do Metrô, todas subterrâneas,terão um diferencial: praças amplas ocuparão a parte de cima das paradas, criando “respiros” urbanos em regiões que hoje carecem de grandes áreas abertas, como o entorno da Avenida Santo Amaro, na zona sul. Esses espaços terão, em média, 2,8 mil m². Atividades como feiras de artesanato, exposições e campanhas de vacinação poderão ocorrer nelas, deixando-as mais integradas ao bairro.
É o que explica Ivan Piccoli, coordenador de arquitetura, paisagismo e urbanização do Metrô. “Aquele é um trecho de cidade muito adensado, com imóveis que tendem à degradação ou já degradados.” O fato de as avenidas chegarem muito perto dos imóveis, diz ele, contribui para a deterioração urbanística. “Então, o Metrô resolveu construir praças, para que ali a área se reorganize.”
Piccoli entende que a Linha 5 poderá se transformar num vetor para a reconfiguração desses pontos. O engenheiro Jaime Waisman, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), concorda. “O Metrô em si já é um empreendimento positivo. E pôr praças em áreas que precisam é trabalhar para requalificá-las.” Por isso, Waisman acredita em uma transformação urbana no entorno dessas praças, com novas opções comerciais e residenciais em um raio de até 500 metros das estações.
Um dos trechos onde as obras do Metrô devem alterar bastante a paisagem é o da futura Estação Moema. Situada ao lado da Praça Nossa Senhora Aparecida, onde fica uma tradicional igreja católica, a área verde sobre a estação será uma espécie de “prolongamento” da vizinha. As duas serão separadas só pela Avenida Divino Salvador. A quadra ao lado já está cheia de tapumes para a obra.
Outra estação, a Servidor, perto do Hospital do Servidor Público Estadual, contará ainda com um estacionamento embaixo da sua respectiva praça. A garagem ocupará, segundo o projeto conceitual, dois níveis no subsolo. O Metrô não informou quantas vagas serão oferecidas neste espaço.
As praças da Linha 5-Lilás – que não terão nomes, pois não serão logradouros oficiais, e sim propriedades do Metrô – deverão se concentrar no trecho entre as estações Alto da Boa Vista e Servidor. No trecho final, entre as paradas Vila Clementino e Chácara Klabin, haveria menos necessidade para esse modelo de intervenção.
Os novos ambientes externos ainda serão contemplados com grandes estruturas de aço e vidro para cobrir as entradas das estações. Elas devem se tornar a “marca registrada” desse trecho da linha, que terá 11 paradas e deve ser entregue em 2015. A cobertura da Estação Alto da Boa Vista lembra a da Canary Wharf Station, do metrô londrino. Claraboias espalhadas pelas praças levarão luz natural até as plataformas.
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