Em São Paulo, campanha de respeito aos pedestres perde força

Ação da CET diminui ritmo justo quando a PM flagrava uma escalada de atropelamentos em São Paulo

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Fonte: Diário de S. Paulo  |  Autor: Fabio Pagotto  |  Postado em: 12 de março de 2012

Pedestre fora da faixa na Avenida Sapopemba

Pedestre fora da faixa na Avenida Sapopemba

créditos: Reinaldo Canato/Diário SP

O Programa de Proteção ao Pedestre, lançado em agosto de 2011 pela CET (Companhia  de Engenharia de Tráfego), diminuiu de ritmo, principalmente nas regiões mais afastadas do Centro, maior alvo do esforço. A sensação entre os pedestres entrevistados pelo DIÁRIO é de que a fiscalização diminuiu e os motoristas não estão mais respeitando a campanha.

 

“Há dois meses era só colocar o pé na faixa que os carros paravam, agora parece que eles perderam o medo da multa”, disse a geriatra Suzana Tozzi, de 55 anos, que mora na Rua Oscar Freire próximo da Rua Teodoro Sampaio, em Cerqueira César, no Centro.

 

Suzana falou com o DIÁRIO após se esquivar de um carro na esquina das duas ruas, quando o farol abriu enquanto ela ainda estava atravessando sobre a faixa de pedestres. De acordo com a lei de trânsito, o veículo deveria ter aguardado a pedestre concluir a travessia.

 

Os números do CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito) coincidem com a sensação do pedestre.

 

Os dados do CPTran abrangem toda a cidade e vão na contramão dos da CET, que se restringem à região compreendida pelo centro expandido até a Avenida Paulista.

 

Em 2011, o CPTran registrou 5.120 atropelamentos no município de São Paulo, com aumento nas ocorrências do primeiro ao quarto trimestre (veja o balanço trimestral na página 3), enquanto que os da CET diminuíram. Pela CET, ocorreram 2.645 atropelamentos de 11 de maio a 30 de setembro de 2011, em relação a 2.866 do mesmo período de 2010.

 

Continuidade

 

O presidente da Associação Brasileira de Pedestres em São Paulo, José Ignácio Sequeira de Almeida, acredita que a campanha da CET é efetiva, mas precisa ser persistente. “É uma campanha que trouxe resultados, mas para modificar um comportamento é necessário cultivá-lo”, afirmou Almeida. “A continuidade é fundamental. Não pode esmorecer senão tudo volta a ser como antes”, disse o presidente. “No Japão houve uma campanha semelhante, há anos, e hoje o trânsito lá é um dos mais civilizados do mundo”, diz.

 

Por meio de nota a CET afirmou que o Programa de Proteção ao Pedestre prossegue com trabalhos educacionais junto a públicos específicos,  orientadores de travessia nas vias mais movimentadas, além das peças publicitárias. “A CET informa que vai iniciar em breve a terceira fase do Programa de Proteção ao Pedestre. Ela será focada nos principais corredores que registraram o maior número de atropelamentos na cidade do primeiro semestre”.

 

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