Em SP, bicicleta ainda é tratada como brinquedo

Oitenta por cento das faixas para bikes na capital paulista são só para lazer. Quem pedala para o transporte tem que se arriscar no trânsito violento

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 |  Autor: Da redação*  |  Postado em: 05 de março de 2012

Ciclofaixa na zona norte de São Paulo

Ciclofaixa na zona norte de São Paulo

créditos: Marcos de Sousa

Em 2009, quando assumiu o cargo de prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD) prometeu construir 100 km de ciclovias e ciclofaixas. Até agora, 76 km foram inaugurados, mas apenas 20% deles dizem respeito à infraestrutura específica para ciclistas, informou no sábado (3) o jornal O Estado de S. Paulo, em matéria assinada por Rodrigo Burgarelli. 


Em outras palavras, 80% das faixas criadas para bikes em SP são só para lazer. São 45 km de ciclofaixas de lazer, na realidade, porque a conta é em dobro por terem estas vias dois sentidos. Funcionam apenas nos fins de semana, e não são voltadas a transporte. Além disso, há 15 km de ciclorrotas no Brooklin - vias locais, com sinalização alertando para tráfego de bicicletas. 


Assim, a conclusão é que, se por um lado novos ciclistas estão sendo estimulados a pedalar pela cidade, por outro praticamente não há ciclovias ou ciclofaixas nas principais avenidas de São Paulo, com raras exceções - a Radial Leste (12 km) e a Marginal do Pinheiros (18,8 km). 


Quem se desloca de bicicleta fora desses eixos tem duas opções. A primeira é escolher ruas de tráfego local, onde há menos carros, ônibus e caminhões. Quando esse caminho alternativo não é possível, o ciclista acaba tendo de cair em vias com várias pistas e tráfego intenso, como a avenida Paulista, o que aumenta os riscos de acidentes. 

Risco altíssimo também enfrenta o ciclista (e pedestre) que que ir de um lado a outro das Marginais, e tem que atravessar por alças de acesso de trânsito de altíssima velocidade, sem contar com nenhuma sinalização ou esquema de segurança.

Ciclofaixa na zona norte de São Paulo

Ciclofaixa na zona norte de São Paulo

créditos: Marcos de Sousa

 

Ciclofaixa (só) de lazer
Atualmente, São Paulo tem 55,3 km de ciclovias e ciclofaixas permanentes. Esse número representa apenas 10,5% dos 522 km que foram planejados nos últimos anos - quantidade similar ao que já existe hoje em cidades como Londres, Paris e Amsterdã. Segundo a Prefeitura, outros 55 km de novas ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas estão sendo projetados. 


Neste domingo (4), a cidade de São Paulo ganhou mais uma ciclofaixa, agora no bairro de Santana, zona norte da cidade. São 6 km, entre o Sesc Santana e a praça Campo de Bagatelle, passando pelo parque da Juventude. E funciona somente aos domingos, das 7h às 16h. Para surpresa do próprio pessoal da Companhia de Engenharia de Tráfego, responsável pelo projeto, logo pela manhã, as pistas ficaram repletas de bikes de todos os tipos tamanhos e cores, com crianças, jovens e muita gente de cabelo branco. 


A iniciativa foi muito bem recebida pelos moradores da região, que querem a extensão da experiência para além dos 6 km. A região de Santana conta com dois parques muito próximos, Juventude e Trote, que poderiam ser interligados pela ciclofaixa, de forma a criar um corredor de lazer. E a faixa poderia seguir pela av. Santos Dumont e chegar até o Parque da Luz, na região central. Ou seguir pela av. Bráz Leme, passar pela ponte da Casa Verde e chegar até o centro de São Paulo.


Agora a CET promete inaugurar mais uma ciclofaixa na zona leste de São Paulo, no dia 25 de março próximo. Mas quando a bicicleta deixará de ser considerada um brinquedo?

*Com informações de Regina Rocha e Marcos de Sousa

Comentários

Tom Falcão - 05 de Março de 2012 às 21:07 Positivo 0 Negativo 0

Os motoristas pensam que estamos passeando de bicicleta e por isso sentem raiva e nos mandam pedalar na calçada. As ciclovias de lazer ajudam a divulgar e incentivar o uso das bicicletas, mas a maioria  ainda tem medo de usá-las no dia a dia.

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