Em carta que redigiu para entregar à presidente Dilma Rousseff, ele agradece a confiança que recebeu e que sempre se manteve fiel ao governo da presidente. O ministro negou que haja qualquer tipo de ilegalidade na substituição do projeto do Veiculo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá, que sucedeu ao do BRT em meio a polêmica.
Negromonte aponta uma "batalha na mídia" e diz que as denúncias de irregularidades sobre a pasta que comanda não comprovaram nada contra ele. Há menos de duas semanas, o ex-chefe de gabinete do ministro das Cidades, Cássio Peixoto, e um assessor de Negromonte foram exonerados.
Em novembro, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Peixoto teria pressionado funcionários do ministério a fraudar um parecer técnico que recomendava um sistema de transporte mais caro para Cuiabá na Copa do Mundo. Na época, a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério, Luiza Gomide, negou a fraude. Negromonte mandou abrir sindicância interna para investigar o caso.
O BRT tinha sido priorizado pelo Governo Federal em 2009, sob a justificativa de que os outros sistemas não seriam concluídos a tempo do Mundial de futebol. Empreiteiras e empresas de equipamento ferroviário, entretanto, se opuseram e passaram a pressionar pela alteração. O ministro Mário Negromonte chegou a esboçar resistência à mexida, mas cedeu ao lobby que teve a participação até do vice-presidente Michel Temer (PMDB).
A decisão de encaminhar a substituição do projeto deixado pelo então governador Blairo Maggi, de implantação do BRT, pelo VLT - por ser considerado mais moderno e atender as necessidades estruturais da cidade, especialmente quanto a desapropriações - foi feita pelo governador Silval Barbosa, atendendo apelo de entidades de classe e políticos. Na época, houve forte reação do chamado "Lobby do BRT", formado pela indústria de ônibus, que passaram a subsidiar informações sobre eventuais falhas, inclusive, tentando ligar a troca da matriz a escândalos políticos. Silval, no entanto, resistiu a pressão e manteve a decisão pelo VLT.
Na semana passada, o jornal "Folha de S. Paulo" trouxe nova denúncia. Segundo a reportagem, o ministro e dois assessores participaram de reuniões com o dono de uma empresa de informática, que estaria interessado numa proposta milionária de informatização do ministério.
Inicialmente, a reunião estava prevista para as 11h, segundo a assessoria do Ministério das Cidades, mas o Palácio do Planalto pediu o adiamento porque a presidente voltou de madrugada da viagem a Cuba e ao Haiti.
Vilson Covatti e outros deputados do partido, como Roberto Brito (PP-BA) e Waldir Maranhão (PP-MA), estiveram na tarde de quarta no gabinete de Negromonte, momento em que, segundo relato de Covatti, foram informados sobre a intenção da demissão. "Ponderamos a ele [Negromonte] que o pior passou. Ele passou por todas as provas, mas está muito determinado [a deixar do cargo]", declarou.
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