O poder público de São Paulo e Curitiba está criando infraestrutura urbana para bicicletas, ainda que sem propor um plano central para estimular o uso do veículo.
Em São Paulo, a Companhia de Habitação (Cohab) construirá um bicicletário anexo à estação de trem José Bonifácio, na zona Sul da cidade. O objetivo é incentivar o uso do transporte não motorizado pelos moradores de um novo empreendimento e não precisar criar garagens, para permitir maior densidade. Também será construída uma ciclovia de 7 km que passa pelos dois pontos.
O escritório de arquitetura TC Urbes projetou a ciclovia e o bicicletário, com aberturas no fechamento - segundo os arquitetos, uma maneira de expressar o contato mais próximo da cidade trazido pela bicicleta. Com volumetria oval, o edifício tem cobertura verde, claraboia central e domos na laje do primeiro pavimento que funcionam como bancos. O segundo pavimento tem cobertura metálica.
Abaixo da claraboia ficam um jardim e oficina mecânica. As bicicletas ficam estacionadas ao redor do espaço central nos dois pavimentos, que são ligados por uma rampa. Os arquitetos especificaram paraciclos sobrepostos, o que permite estacionar 888 bicicletas em 708 m² de área coberta.
O projeto transforma a torre da caixa d'água da estação em painel eletrônico que indica as horas e a quantidade de vagas para estacionamento. Para o arquiteto Ricardo Corrêa, autor do projeto, essa é uma maneira de atribuir sofisticação ao uso de bicicletas.
Na entrada do bicicletário, próxima à estação, estão alocados seguranças, a área administrativa e cozinha - idealizada para trabalhadores que saem de casa cedo sem tomar café da manhã. A Cohab pretende construir o bicicletário até o segundo semestre.
Já em Curitiba, a prefeitura instala até março oito paraciclos projetados pelo setor de mobiliário urbano do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPPUC) para o centro da cidade.
A arquiteta Ana Cristina Gomes criou o paraciclo com base em sugestões de ciclistas da cidade. Feito de ferro galvanizado em formato de arco, cada peça permite trancar ao mesmo tempo as rodas e quadro de dez bicicletas. A cor forte evita que o mobiliário passe despercebido na paisagem urbana.
Os primeiros paraciclos serão construídos até março pela empresa Kokot e Irmãos Ltda. A Secretaria Municipal de Obras Públicas investiu R$ 31 mil na construção.
Os equipamentos serão colocados em sete pontos da cidade, escolhidos pelo IPPUC em função da proximidade ao comércio e de pontos culturais: Praças Osório, Zacarias, Tiradentes e Café do Estudante (Praça Leonor Twardowski), Prefeitura, Assembleia Legislativa do Paraná e Câmara Municipal de Vereadores. Para evitar roubo, o mobiliário ficará próximo a câmeras de segurança.
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