O tal legado da Copa em Natal parece difícil de sair do papel. As 15 obras de mobilidade urbana são uma incerteza porque a prefeitura tem dificuldades de aprovar os projetos executivos das 11 intervenções viárias junto à Caixa Econômica Federal. Sem aprovação, a verba não é liberada. Mas não é apenas a prefeitura que encontra dificuldades. O Governo do Estado, responsável por outras três obras viárias na capital, iniciou apenas uma delas, o prolongamento da Av. Prudente de Morais. Mas há incertezas com relação ao pagamento de indenizações e sobre o andamento dos projetos da nova Avenida Eng. Roberto Freire e dos acessos ao futuro Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante. Ainda não existem garantias de que haverá dinheiro para financiar essas duas obras. O principal, saliente-se.
Nos últimos dias as duas chefes do poder executivo (estadual e municipal) protagonizaram um vai-e-vem de responsabilidades, que podem ser interpretadas como farpas político-administrativas. Rosalba Ciarlini (DEM), governadora do Estado, declarou em entrevistas que se dispõe a ajudar o município ou até mesmo assumir essas onze obras viárias, se assim for da vontade de Micarla de Sousa (PV), prefeita de Natal. Por sua vez, Micarla, ontem, reagiu. Declarou ao Diário que, pelo contrário, já tem o dinheiro necessário para dar a contrapartida exigida pelo governo federal e poderá arcar com o dinheiro das indenizações aos moradores nos trechos por onde passarão as vias duplicadas, a maior parte na Zona Oeste da cidade. Ela estaria disposta até a receber as obras sob responsabilidade do governo.
Contudo, essa semana o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jérôme Valcke, criticou o atraso nas obras. Ontem Rosalba rebateu a Fifa, voltando a defender o cronograma do governo. "Todos lembram que quando assumi, nós tivemos um trabalho imenso para garantir e tornar irreversível a Copa. Infelizmente houve todo um atraso do governo passado. Quem garantiu, quem realmente tornou irreversível foi esse governo. Nós tomamos as medidas necessárias para garantir a Copa, pagando projetos que não haviam sido pagos, pagando consultorias que não haviam sido pagas e fazendo uma nova licitação, já que a licitação feita no Governo passado tinha sido vazia", declarou a governadora.
Justiça seja feita. À exceção da derrubada de uma creche e de um pórtico onde ficará o novo estádio, todas as obras tocadas atualmente foram assinadas pela atual chefe do executivo estadual. De concreto, concreto mesmo para a Copa em Natal, apenas a obra da Arena das Dunas, o estádio que sediará quatro jogos do Mundial da Fifa na capital do Rio Grande do Norte, e o já relatado prolongamento da Prudente de Morais. Atualmente a Arena se encontra na fase de fundação, e a duplicação da Prudente está prometida para o início do segundo semestre. Outra obra associada ao mundial é o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, cuja pista está sendo feita pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e os terminais tocados pela iniciativa privada.
Desapropriações são entrave na Prudente
No que se refere a desafios do governo, para que o cronograma seja cumprido e que Natal faça bonito como cidade-sede, é necessário vencer a barreira das desapropriações no Conjunto Jardim América, em Parnamirim, onde sai o prolongamento da Prudente de Morais/Omar O'Grady que começa em Cidade Satélite. "Estimamos que essas indenizações vão ficar entre R$ 16 e 18 milhões", declarou o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagens (DER), Demétrio Torres, responsável pelas obras e que também é Secretário da Copa no RN.
Torres fala em estimativas porque as desapropriações só foram colocadas no orçamento desse ano, e dois túneis cujo valor ultrapassa R$ 11,6 milhões, sequer estavam com orçamento incluído na licitação quando as obras iniciaram, no mandato da ex-governadora Wilma de Faria (PSB). "Só parte do projeto estava licitada, em torno de R$ 27 milhões, e a obra sofreu um embargo, mas já retomamos a executá-la. Estamos fazendo o dever de casa", frisou Demétrio.
Ao todo, 60% da intervenção completa do prolongamento da Prudente já foi realizada. Os recursos previstos para a intervenção completa são da ordem R$ 64 milhões. Além da construção do complexo viário com viaduto sobre a BR-101, em parceria com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), está prevista uma ponte sobre o rio Pitimbú e a construção de 4,7 quilômetros de vias em pista dupla, que já estão 50% completadas. Também está nos planos do governo fazer uma ciclovia e construir dois túneis nas ruas Caiapós e Tamanduateí, em Cidade Satélite.
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