Apesar de já estar em vigor, o Estatuto do Pedestre não mudou em nada a batalha entre pedestres e veículos nas vias de Belo Horizonte. O desrespeito vem tanto de quem está a pé quanto dos motoristas. Em uma rápida verificação nas ruas e avenidas do hipercentro da capital, o Hoje em Dia presenciou dezenas de infrações, sem nenhuma fiscalização por perto.
Na esquina da rua Espírito Santo com a avenida Amazonas, na região Centro-Sul da capital, pedestres, inclusive com crianças pequenas, atravessavam a via fora da faixa ou com o farol vermelho para eles. O mesmo desrespeito foi repetido por carros, motos e até ônibus coletivos, que atropelavam o sinal verde para quem cruzava a via a pé. Perto dali, o cenário é o mesmo no cruzamento da avenida Afonso Pena com a rua São Paulo.
O contador João Vieira Silva, de 39 anos, teve que driblar um carro que parou em cima da faixa para não avançar o sinal vermelho. Ele reclamou da falta de educação no trânsito e da falta de respeito para os pedestres, no entanto também confessou que não espera sempre sua vez para fazer a travessia. “Cada um deve fazer a sua parte e se conscientizar. Quase já fui atropelado uma vez e tento me policiar para não correr mais risco, mas às vezes a pressa é muita”, reconhece.
O Estatuto do Pedestre foi publicado na sexta-feira (13), no Diário Oficial do Município. A Lei prevê que a prefeitura se comprometa a manter equipamentos públicos e sinalização em condições seguras para a travessia da população. Isso significa que as faixas de pedestres devem estar devidamente visíveis e os sinais de trânsito funcionando corretamente.
O estatuto também garante prioridade total para quem está a pé no planejamento de paisagem, mobiliário e de tráfego urbano e prevê a instalação de banheiros públicos gratuitos, abrigos para proteção da chuva e espaços exclusivos para caminhadas.
A aprovação do Estatuto do pedestre ganhou força na Câmara Municipal após o Hoje em Dia abraçar a campanha “Eu respeito a faixa de pedestre”. Uma série de reportagens sobre o tema mostrou as deficiências e algumas experiências positivas em torno da educação no trânsito.
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