Imagine uma cidade com uma frota de mais de 237 mil carros particulares, com 517 ônibus em circulação, que a cada dia licencia mais 101 veículos de passeio, que teve um crescimento desordenado do sistema de transporte público, cujo último projeto estrutural de planejamento data da década de 80.
Esta cidade é João Pessoa que tem agora a oportunidade, graças a um arrojado projeto de Mobilidade Urbana, de racionalizar a rede de transporte público, de forma estruturada e bem planejada, melhorando o deslocamento das pessoas e a qualidade de vida dos cidadãos. Este projeto foi apresentado nesta quinta-feira (16) pela manhã, durante sessão extraordinária na Câmara de Vereadores da capital, pelo superintendente de Transportes e Trânsito de João Pessoa (STTrans), Nilton Pereira de Andrade.
A proposta do município, que está pleiteando recursos do Governo Federal, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), está orçada em quase R$ 200 milhões, sendo R$ 137,1 milhões oriundos do Governo Federal, R$ 9,9 milhões contrapartida da Prefeitura com recursos próprios e mais R$ 51,6 milhões de um financiamento junto ao BNDES.
Esses recursos serão suficientes para realização de obras estruturantes em quatro, dos sete corredores de ônibus da cidade, para construção de três terminais de integração nos bairros e mais um terminal de integração metropolitano. “A nossa proposta não é resolver os problemas de congestionamento, ela vai além disso, queremos solucionar o problema de deslocamento das pessoas a partir de ações coletivas, priorizando o transporte público, já que esse modal transporta mais pessoas de uma só vez. Queremos uma cidade sustentável e com mais qualidade de vida”, afirmou Nilton Pereira no começo de sua explanação.
O plano apresentado na Câmara foi desenvolvido pelo superintendente da STTrans e a equipe do órgão gestor municipal e tem o objetivo de proporcionar à população o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando um transporte coletivo seguro, inclusivo e sustentável. O modelo de operação que será utilizado na capital é o chamado BRT- Bus Rapid Transit, que assegura mais rapidez e agilidade aos ônibus em seus deslocamentos.
Os corredores que serão trabalhados no projeto são os da Epitácio Pessoa, Pedro II, 2 de Fevereiro e Cruz das Armas que atingem 84% dos bairros da cidade e atendem 91% da população. Além da reestruturação do sistema de transporte urbano nestes corredores, o projeto prevê a construção de três terminais de bairro, com disponibilidade de vários serviços, um nas proximidades do Almeidão, outro próximo as três lagoas e outro perto do girador de Mangabeira, além de proporcionar uma integração entre os sistemas de transportes urbanos de João Pessoa e intermunicipal das cidades circunvizinhas, através de um terminal metropolitano que será construído próximo a Rodoviária.
O diretor executivo da Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de João Pessoa (AETC-JP), Mário Tourinho, que também participou da apresentação na Câmara, elogiou o projeto da Prefeitura, não apenas porque ele privilegia o sistema de transporte público, mas, sobretudo porque ele busca resolver o problema dos deslocamentos na cidade. “A prioridade para o transporte público é uma tendência mundial, pois, intervindo desta forma o poder público não apenas diminui o problema dos congestionamentos, na medida em que desestimula o uso do transporte individual, mas, torna mais eficiente o deslocamento das pessoas, já que o ônibus transporta mais gente ao mesmo tempo”, afirmou Mário.
Os vereadores Eliza Virginia, Sérgio da SAC e Geraldo Amorim, que ao final da apresentação fizeram perguntas para o superintendente da STTrans, também elogiaram o projeto, destacando que ele foi muito bem estruturado e, de fato, deve mudar para melhor a qualidade de vida da população. O vereador Sérgio da SAC questionou o fato da implantação do metrô não ter sido incluída na proposta da Prefeitura. Segundo Nilton Pereira, para ser viável, um sistema de metrô precisa ter uma demanda, por sentido, de 40 a 50 mil passageiros/hora, e o corredor mais operoso de João Pessoa, que é a Epitácio, tem uma demanda, por sentido/hora, de apenas 3.700 passageiros. “Além de não ter demanda para tal modal, para implantar 1 km de metrô são necessários R$ 400 milhões, enquanto que 1 km de BRT custa R$ 10 milhões”, respondeu Nilton.
Em agosto, segundo o superintendente da STTrans, o Governo Federal vai anunciar quais projetos foram aprovados. “Estamos muito otimistas quanto a aprovação da nossa proposta que, inclusive, foi apontada como a melhor das capitais do Nordeste”, destacou Nilton, complementando que a presidente Dilma Roussef estabeleceu o mês de maio de 2014, para que os projetos aprovados esse ano estejam todos concluídos.