O governo da Espanha declarou ontem (21) o estado de "Emergência Climática como um primeiro passo para a adoção de medidas para combater as emissões de carbono no país e reduzir as mudanças globais no clima. As metas adotadas coincidem com as da União Europeia, incluindo zerar as emissões líquidas de carbono até 2050. A coalizão do premiê socialista Pedro Sánchez pretende que 95% da eletricidade do país seja produzida a partir de fontes renováveis até 2040. O plano prevê também a eliminação da poluição por ônibus e caminhões e transformações na agricultura espanhola, para neutralizar suas emissões de carbono.
O anúncio veio a público uma semana depois que a prefeita Ada Colau, de Barcelona, anunciou um plano local de emergência climática com 103 ações, que incluem mais restrições aos carros particulares, aumento da frota de transporte público elétrico, ampliação da rede cicloviária e da área exclusiva para pedestres, novos parques e "eixos verdes", além da desativação da ponte aérea Madri-Barcelona e sua substituição por um trem elétrico de alta velocidade. Para desenvolver as propostas, a prefeitura vai investir 563 milhões de euros (cerca de R$ 2,6 bilhões), além de contar com o apoio do governo espanhol para a implantação do trem rápido.
Com o anúncio, Barcelona se junta a um seleto grupo de cidades da Europa, Austrália, Canadá e até dos Estados Unidos que já declararam estados de "emergência climática"entre 2016 e 2019. Segundo o Acordo de Paris (2015), todos os países signatários deveriam apresentar planos de redução de emissões a partir de 2020 para controlar o aquecimento global. No entanto, durante a recente COP 25, em Madri, ficou claro que apenas com os planos atuais não será possível manter o controle em níveis adequados. No encontro, a ONU alertou que os esforços para tanto deveriam ser quintuplicados para que a elevação da temperatura fique abaixo de 1,5 grau, ou triplicado para manter a elevação abaixo de 2 graus. Mas, como se sabe, os resultados da COP 25 foram frustrantes em função das divergências entre os vários países.
Vídeo para divulgação da Campanha: "Isto não é um simulacro"
Embora aparentemente avançado, o anúncio de Ada Clau foi recebido com desconfiança pelos especialistas e ativistas espanhóis da área ambiental. Eles consideraram as propostas vagas e tímidas ante os desafios colocados pelos relatórios recentes, que apontaram 2019 como um ano de recordes históricos de temperaturas. De qualquer forma, a iniciativa da prefeita catalã ao menos aponta no sentido positivo. Oxalá seja copiada por governantes de outras partes do mundo e, quem sabe, até do Brasil.
Leia mais na página de Barcelona (em espanhol): https://www.barcelona.cat
Leia também:
Barcelona e a mobilidade nas cidades brasileiras
Patinetes y bicis en las aceras de Madri
Estudo mostra que fluxo de ciclistas é influenciado por variações do clima
El diseño del suelo: el papel del pavimento en la imagen de la ciudad