Um exemplo disto ocorria na Avenida República Argentina, na esquina com a Rua Murilo do A. Ferreira, no bairro Água Verde. No local, a tampa de galeria subterrânea fica elevada em relação à calçada.
E, logo em frente dela, existia um orelhão. Qualquer um que passava por ali tinha problemas para não tropeçar na tampa ou não bater no orelhão. As dificuldades eram ainda maiores para pessoas com deficiência ou pessoas com mobilidade reduzida.
O analista de sistemas José Eduardo Polini Rizzato passa pela região com frequência e, por diversas vezes, precisou ajudar uma pessoa com deficiência visual que tinha dificuldades de passar pelo trecho. Se ele desviasse da tampa, batia no orelhão.
"Esta pessoa já sabia o roteiro. Mesmo assim, ela tinha dificuldades quando chegava ali. Os idosos ficam em uma situação complicada. O mesmo ocorre com pessoas que levam os carrinhos de bebê. Muitos pedestres precisam desviar pela rua para poder passar no local", comenta.
As calçadas são problemas do cotidiano para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. A professora de orientação e mobilidade do Instituto Paranaense de Cegos, Lilian Merege Biglia, alerta sobre as calçadas ruins e até a falta delas nas ruas, especialmente nos bairros mais afastados do centro.
"Temos algumas calçadas boas, como as da Marechal Deodoro. A pista tátil é importante, mas não reflete a realidade. Calçada lisa e sem obstáculos beneficia todos os pedestres", explica.
Ela cita que os maiores problemas para as pessoas com deficiência visual são os telefones públicos. A professora revela que a bengala somente consegue alcançar o que está no chão e, com isto, o cego pode chocar-se com o orelhão.
O mesmo ocorre com os carrinhos dos coletores de material reciclável, que deixam o equipamento estacionado nas calçadas. Outras dificuldades são com as raízes das árvores, lixeiras, caixas dos Correios e caixas de energia elétrica.
A professora conta que vários profissionais e pessoas com deficiência montaram um manifesto, que deve ser entregue para a Prefeitura de Curitiba, Câmara Municipal e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc).
Ela sugere a implantação de um ampla campanha de educação lembrando que as calçadas são públicas, apesar de a manutenção ser de responsabilidade do proprietário do imóvel.
"As pessoas precisam saber que elas não podem fazer o que querem na calçada, que é pública. O que é bom para uma pessoa cega vai ser bom para todo mundo", avalia.
O presidente da Associação Paranaense dos Deficientes Físicos do Paraná (Adep), Mauro Nardini, lembra que as calçadas devem oferecer um trânsito seguro e confortável, sem que o pedestre fique de cabeça baixa, o tempo todo olhando para o chão.
Para ele, é necessária uma maior consciência da população, dos proprietários de imóveis, estabelecimentos comerciais e companhias que detêm concessões públicas. Tudo para evitar os obstáculos.
Citando como exemplo a tampa da galeria subterrânea, Mauro lembra que nada pode ser feito de qualquer jeito ou da maneira que seja mais fácil para quem está executando. "O pedestre não pode ser prejudicado. Quem perceber uma situação como esta deve denunciar para a Prefeitura", revela.
Removido
Com relação ao orelhão da Avenida República Argentina, a Oi, companhia telefônica responsável pelo aparelho, informou que realizou o reposicionamento do telefone público em outro local.