Cidades do Brasil devem reduzir velocidades, recomenda OMS

Relatório divulgado hoje pela organização revela desafios para reduzir mortes no trânsito. E sugere que país adote o limite de 50 km/h nas vias urbanas

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Fonte: Mobilize Brasil / OMS  |  Autor: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil  |  Postado em: 07 de dezembro de 2018

Cicatriz de acidente, em São Paulo

Cicatriz de acidente, em São Paulo

créditos: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lança hoje (7), em Genebra, Suíça, um novo informe sobre acidentes de trânsito no mundo. No documento, a organização sugere que o Brasil reduza o limite de velocidade nas cidades. “O Brasil é um dos países que está fazendo progresso e há consciência sobre o tema. Mas muito mais precisa ser feito”, afirma Etienne Krug, diretor do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da OMS. “Os números continuam muito altos e medidas precisam ser tomadas. Uma delas é reduzir o limite de velocidade para 50km/h.” 

 

O relatório indica que as mortes no trânsito seguem aumentando no mundo, com um total de 1,35 milhão de mortes por ano.  O organismo internacional alertou que apenas 47 países  - e o Brasil não está entre eles  - seguem boas práticas em relação a uma das principais medidas de gestão da velocidade, qual seja: a aplicação de um limite de velocidade urbana de 50 km/h ou menor. Restrição também deve permitir às autoridades locais reduzir ainda mais esse teto nas vias em torno de escolas, residências e empresas.

 

Oficialmente, foram cerca de 38 mil mortes no trânsito em 2016 no Brasil. Mas a OMS estima que o número mais perto da realidade seja de 41 mil. Em 2015, segundo dados do governo, eram 18,3 mortes por 100 mil habitantes. A taxa é duas vezes maior que a média na Europa, com nove mortes para cada cem mil moradores.

 

Dados do Ministério da Saúde divulgados no início de 2018 indicam que os acidentes de trânsito nas cidades brasileiras deixaram 368.328 mortos entre 2008 e 2016. Além disso, na última década, aproximadamente 3,1 milhões de brasileiros receberam indenizações por invalidez permanente relacionadas a acidentes, segundo informações da seguradora Líder, responsável pelo DPVAT. Os dados revelam uma tendência de interiorização dos acidentes, que migraram para pequenas cidades: ao mesmo tempo em que a taxa de mortes por cem mil habitantes caiu nas metrópoles, acabou disparando nos municípios de até 10 mil habitantes. 

 


Redução de velocidade
Mais de 90 países já fixam 50 km/h como limite em seus centros urbanos e outras 36 nações preveem 60 km/h. Mas, o Código Brasileiro de Trânsito ainda fixa a velocidade máxima nas vias urbanas em 80 km/h. No entanto, governos estaduais e municipais podem regulamentar limites superiores ou inferiores de velocidade. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que “não há desculpa para inação. Este é um problema com soluções comprovadas. Este relatório é um apelo aos governos e parceiros para que tomem medidas muito maiores para implementar essas medidas ”.

 

Também Michael R Bloomberg,  fundador e CEO da Bloomberg Philanthropies e Embaixador Global da OMS, declarou que "A segurança no trânsito é uma questão que não recebe nem perto da atenção que merece - e é realmente uma das nossas grandes oportunidades para salvar vidas em todo o mundo. Sabemos quais intervenções funcionam. Políticas fortes e fiscalização, redesenho de vias e campanhas de conscientização pública podem salvar milhões de vidas nas próximas décadas ”, insistiu Bloomberg, que implementou essas medidas quando foi prefeito de Nova York, entre 2002 e 2013.

 

Ciclovias e calçadas
Segundo o texto da OMS, os países que conseguiram reduzir seus índices de acidentes atuaram sobretudo em avanços na legislação de controle aos principais riscos, como o excesso de velocidade, embriaguês, falta de cintos de segurança, capacetes e sistemas de retenção para crianças, além da implantação de calçadas e pistas exclusivas para ciclistas e motociclistas. O relatório documenta que essas medidas contribuíram para a redução das mortes no trânsito em 48 países de renda média e alta. No entanto, nem um único país de baixa renda demonstrou uma redução no total de mortes, em grande parte porque faltam essas medidas. 

 

Motos em países pobres
De fato, o risco de uma morte no trânsito continua sendo três vezes maior nos países de baixa renda do que nos países de alta renda. As taxas são mais elevadas estão na África (26,6 mortes por 100 mil habitantes) e as mais baixas na Europa (9,3 mortes por 100 mil). As Américas, Europa e Pacífico Ocidental foram as três regiões do mundo que conseguiram reduzir suas taxas de mortalidade no trânsito. Segundo a OMS, as motocicletas respondem 28% das mortes no trânsito, em especial em algumas regiões do mundo, como  o Sudeste Asiático (43%) e Pacífico Ocidental (46%).

 

 

 Leia o documento da OMS (em inglês)



Quinze artigos sobre redução de velocidade
Reunimos também uma série de artigos, reportagens, vídeos e outros conteúdos que mostram porque é importante reduzir a velocidade nas cidades:

A lógica das Marginais

Iphan defende redução de velocidade no Eixão, em Brasília

Contramão: candidatos querem anular a redução de velocidade

Vídeo de animação discute redução da velocidade no trânsito

Impactos da Redução dos Limites de Velocidade em Áreas Urbanas

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Salvador, metrópole dividida: análise de uma via de alta velocidade

ANTP apoia redução da velocidade em ruas e avenidas de SP

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Enfim, a redução da velocidade parece mesmo uma boa ideia :-)

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