Com os holofotes voltados para sua capital, uma das cidades-sede da Copa de 2014, os mineiros transformaram a cidade em um canteiro de obras para não fazer feio frente aos milhares de turistas que virão para o evento. Há intervenções em todas as regiões, desde a região da Pampulha, onde está localizado o Mineirão, estádio da Copa, até a região centro-sul, área que abrigará o novo setor hoteleiro da cidade.
Estão planejadas oito obras de mobilidade urbana, com um investimento total de R$ 1,38 bilhões. Deste montante, R$ 1 bilhão será financiado com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). As obras estão incluídas na Matriz de Responsabilidades, documento assinado entre a União e os estados e municípios que receberão a Copa.
Cinco dos projetos começaram e seguem à risca o cronograma. Os demais estão em fase de publicação de edital e licitação, mas também no prazo.
As principais intervenções correspondem à implantação de corredores exclusivos de ônibus, os BRTs (Bus Rapid Transit), em duas das principais avenidas da cidade, a Antônio Carlos (em obras) e a Cristiano Machado (com início marcado para março de 2012).
No entanto, o projeto de introdução dos ônibus de alta capacidade já sofreu redução por conta de problemas com a remoção de moradores. A prefeitura também pretendia implantar um BRT nas avenidas Carlos Luz e D. Pedro II, acessos importantes ao Mineirão. Mas a obra foi cancelada pelo custo alto das desapropriações, que ultrapassariam os R$ 153 milhões –valor maior que o do corredor.
Agora, a prefeitura pretende construir corredores convencionais nas avenidas em parceria com a BHTrans, empresa privada responsável pela gestão do trânsito da cidade. O início das obras está previsto para março do próximo ano.
O presidente da BHTrans, Ramon Cesar, afirmou que a demanda desses dois pontos é menor que a dos outros corredores. “A quantidade de veículos que trafegam na Pedro II não se compara a de outras vias, como a Antônio Carlos e a Cristiano Machado. Por isso, a opção de melhorar e modernizar a avenida, com a criação de pistas exclusivas para os coletivos”, explicou Cesar.
BRTs
A intervenção de maior envergadura é o BRT Antônio Carlos, que custará R$ 633 milhões. O projeto se divide em diversas etapas, desde a duplicação da avenida D. Pedro I até a interseção da avenida Abraão Caram. A obra começou em março de 2011, com a readequação de uma trincheira.
A previsão de entrega é maio de 2013, ainda a tempo da Copa das Confederações, que acontece no mês seguinte e terá o Mineirão como palco de uma das semifinais.
A prefeitura estima que após a conclusão dos sistemas da Antônio Carlos e da Cristiano Machado mais de 750 mil passageiros sejam beneficiados. Estima-se que o tempo de viagem diminua 57%, e a quantidade de ônibus na cidade caia quase 40%.
Para o arquiteto e urbanista José Abílio, assessor da presidência do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG), os impactos do BRT serão positivos para Belo Horizonte.
“O BRT é muito melhor que as opções que temos hoje. As estações, além de terem um projeto muito bonito, são fechadas e protegerão os passageiros das chuvas. Além disso, dão um bom conforto aos passageiros, já que a pista estará no mesmo nível do ônibus”, diz.
No entanto, para o chefe do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Nilson Nunes, mesmo com uma obra da envergadura do BRT da Antônio Carlos, Belo Horizonte está longe de ter uma solução para a mobilidade.
“Deveriam ter pensado em um transporte de massa mais eficiente, como o metrô. Mesmo o BRT sendo um transporte moderno, para Belo Horizonte, que tem mais de um milhão de passageiros diariamente, o sistema pode não dar conta”, afirma Nunes.
Sobre trilhos
No dia 16 de setembro, a presidente Dilma Rousseff, em visita à capital mineira, anunciou um aporte de R$ 3,16 bilhões para a ampliação do metrô belo-horizontino. A verba virá do Orçamento Geral da União (R$ 1 bilhão), dos governos estadual e municipal, da iniciativa privada (R$ 1, 47 bilhão) e de financiamentos (R$ 1,13 bilhão).
A linha 1 (Eldorado, em Contagem – Venda Nova) terá mais duas estações, tendo, ao término da obra, 30 km e com 20 estações. Já a linha 2 será construída entre a região do Barreiro (parte sul) e o bairro Calafate (zona oeste), tendo 10 km e cinco estações. A Linha 3, entre a Savassi e a Lagoinha, ambas na região centro-sul, também está no projeto, com 4,5 km e cinco estações.
O arquiteto José Abílio esperava uma ampliação mais ambiciosa do metrô. Para ele, a obra poderia contemplar outras cidades mineiras, como Betim e Ribeirão das Neves. Apesar disso, a obra atende a reivindicações antigas da população. O metrô chegará à segunda maior zona comercial da capital mineira, Barreiro e Savassi. “Apesar de o projeto executivo ainda não ter sido apresentado, a ampliação do metrô será ótima para ajudar a dinamizar Belo Horizonte”, afirma o arquiteto.
A licitação para as obras deverá ser aberta em meados de 2012, com previsão de entrega entre quatro e cinco anos. De acordo com a prefeitura, o metrô não é uma obra para a Copa do Mundo, mas trará benefícios para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, já que algumas partidas de futebol do acontecerão em Belo Horizonte.
Belo Horizonte: obras de mobilidade urbana
BRT Antônio Carlos
Status: iniciada
O que é: corredor rápido de ônibus ligará o aeroporto de Confins à região hoteleira e ao centro, com estação próxima do Mineirão.
Estágio: Em obras desde março de 2011, com introdução de viadutos, alargamento de pistas, duplicação da avenida D. Pedro I e construção de estações do BRT.
Valor: R$ 633 milhões (R$ 428 milhões financiados pela CEF).
Prazo: conclusão em maio de 2013.
Corredor Pedro II – Carlos Luz (Antigo BRT)
O que é: implantação do BRT.
Estágio: em licitação. Obras marcadas para março de 2012.
Valor: R$ 27,9 milhões (R$ 21,8 milhões financiados pela CEF).
Prazo: início previsto para março de 2012 e conclusão para março de 2013.
BRT Cristiano Machado
Status: iniciada
O que é: recapeamento da pista com concreto e construção de estações de BRT.
Estágio: obras iniciadas em setembro de 2011.
Valor: R$ 135,3 milhões (R$ 128,5 financiados pela CEF).
Prazo: conclusão prevista para maio de 2013.
BRT Área Central
O que é: interligação dos sistemas Cristiano Machado e Antônio Carlos, além do corredor viário da Pedro II.
Estágio: em licitação. Obras previstas para março de 2012.
Valor: R$ 57,9 milhões (R$ 55 milhões financiados pela CEF).
Prazo: início marcado para março de 2012 e conclusão para março de 2013
Expansão do Controle de Tráfego
Status: iniciada
O que é: monitoramento do trânsito de Belo Horizonte, com modernização dos sistemas atuais.
Estágio: Obras começaram em setembro de 2010.
Valor: R$ 31,6 milhões (R$ 30 milhões financiados pela CEF).
Prazo: conclusão prevista para março de 2013.
Boulevard Arrudas/Tereza Cristina
Status: iniciada
O que é: primeira etapa (R$ 66 milhões) consistiu na readequação da avenida dos Andradas, canalizando o ribeirão Arrudas em seu trecho central. Segunda fase prevê a implantação do Boulevard até a avenida Tereza Cristina.
Estágio: primeira etapa concluída.
Valor: R$ 221,1 milhões (R$ 210 milhões financiados pela CEF).
Prazo: obra começou no início de 2010 e teve primeira etapa concluída em setembro de 2011. Restante do projeto deve ser entregue em janeiro de 2013.
Via 710 (Andradas e Cristiano Machado)
O que é: Implantação de um corredor transversal de 4 km, que fará a ligação da região nordeste de Belo Horizonte ao BRT Cristiano Machado.
Estágio: em licitação. Obras previstas para março de 2012.
Valor: R$ 174,9 milhões (R$ 78 milhões financiados pela CEF).
Prazo: obras previstas para março de 2012, com entrega em novembro de 2013.
Via 210 (Via do Minério)
Status: iniciada
O que é: implantação de via de 1,6 km com corredor de ônibus, ligando a região do Barreiro ao centro de Belo Horizonte e ao sistema de metrô.
Estágio: obras começaram em agosto de 2011.
Valor: R$ 106,2 milhões (R$ 72 milhões financiados pela CEF).
Prazo: entrega prevista para novembro de 2012.