VLT de Brasília não cumprirá cronograma

Principal obra de mobilidade urbana da capital federal espera nova licitação até o final deste ano

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 |  Autor: Caroline Aguiar / Mobilize Brasil  |  Postado em: 07 de dezembro de 2011

Trecho de 6,5 km do VLT vai ligar o aeroporto à As

Trecho de 6,5 km do VLT vai ligar o aeroporto à As

créditos: Divulgação

Mesmo preterida por São Paulo para a abertura da Copa, Brasília conquistou um papel de destaque na competição que a Fifa realizará no Brasil em 2014. A capital do país foi contemplada com o maior número de jogos entre as cidades-sede do torneio, sete ao todo, número igualado apenas pelo Rio de Janeiro.

 

Para fazer jus ao papel de destaque, o governo do Distrito Federal usa como vitrine a construção do Estádio Nacional Mané Garrincha, um dos mais caros e suntuosos da Copa, que deve fechar 2011 com 45% de execução das obras.

 

Uma agilidade, porém, que não se repete quando o assunto é mobilidade urbana. O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), principal obra de transporte para a Copa, está emperrado há dois anos. A licitação realizada em 2009 foi colocada sob suspeita pela Justiça do Distrito Federal, que suspendeu as obras em abril deste ano.

 

A Justiça entendeu que a concorrência foi fraudulenta e direcionada para beneficiar empresários ligados ao então presidente do Metrô do Distrito Federal, José Gaspar de Souza. O pior é que a obra também havia sido suspensa em 2010 para que o processo licitatório fosse investigado.

 

Nas arredores de Brasília restam apenas esqueletos do VLT, cujo trecho de 6,5 km visa ligar o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek à Asa Sul.

 

Para cumprir o prazo de entrega, dezembro de 2013, e se livrar do risco de fazer um papelão durante a Copa, o governo do Distrito Federal teve de voltar à estaca zero. Uma nova licitação deve ocorrer até o final do ano, e nem mesmo os projetos básicos da primeira versão do VLT serão aproveitados.

 

O problema é que o consórcio vencedor da primeira licitação (Daclon, Altran/TCBR e Veja Engenharia) promete comprar briga com o governo. Em agosto, as empresas entraram com recurso contra a suspensão do contrato e aguardam o julgamento.

 

Redução


Junto com a decisão de abrir nova concorrência para o VLT, o governo decidiu reduzir o tamanho da linha. O plano original era que o VLT saísse do aeroporto, cruzasse toda a Asa Sul pela avenida W3 sul e chegasse à rodoviária do Plano Piloto, totalizando 22,6 km.

 

Por conta dos problemas com a licitação e de dificuldade em conseguir licenças ambientais e urbanísticas a tempo, o governo decidiu implantar apenas a linha 1, que sai do aeroporto e vai até a estação sul do metrô, menos de um terço da ideia original.

 

A estação ficará a mais de seis quilômetros do Mané Garrincha: não servirá, portanto, para levar os torcedores aos jogos da Copa.

 

Além disso, com a redução do projeto o governo distrital se restringe a cumprir o combinado na Matriz de Responsabilidades, documento assinado em janeiro de 2010 entre a União e os estados e municípios que receberão a Copa, com o objetivo de estabelecer os projetos essenciais para a realização do evento.

 

Na primeira versão do documento, o valor previsto para a obra era de R$ 269 milhões. Com a revisão da Matriz ocorrida em outubro deste ano, o montante passou para R$ 276,9 milhões. O governo não sabe explicar o aumento, mas o valor pode subir ainda mais com a nova licitação.

 

Pelo fato de a concorrência ter entrado no Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), aprovado pela Câmara para acelerar as obras da Copa, o custo do projeto só é divulgado ao final da concorrência.

 

Outras obras


O atraso nas obras do VLT provoca um efeito cascata em outras intervenções para melhorar o trânsito de Brasília. No pacote da Copa também foi incluída a duplicação da rodovia DF-047, que dá acesso ao aeroporto Juscelino Kubitschek. No entanto, o projeto depende das obras do VLT para sair do papel.

 

O secretário executivo do Comitê Organizador Brasília 2014, Claudio Monteiro, muda o foco quando o assunto são os atrasos na construção do VLT. Citando projetos alternativos, Monteiro afirma que Brasília não pode ficar restrita ao sistema sobre trilhos.

 

“A via expressa do aeroporto ao Setor Hoteleiro, que já existe com o ônibus executivo e que precisa e pode ser intensificada; a faixa presidencial do Eixão (faixa exclusiva para o tráfego de presidentes e veículos de emergência que cruza todo o Plano Piloto), que também nos dá a oportunidade de utilizá-la; e temos o VLP. O fato de Brasília ser uma cidade planejada, com largas avenidas, nos coloca em vantagem. Por isso, estamos trabalhando para aumentar a quantidade de equipamentos públicos nessas vias.”

 

As obras para o Veículo Leve sobre Pneus (VLP) foram autorizadas pelo governador Agnelo Queiroz em agosto deste ano. Os canteiros de obra estão sendo instalados e a previsão de entrega é para o início de 2013.

 

O VLP ligará as cidades satélitedo Gama e Santa Maria ao Plano Piloto, num trajeto de 42 km e 15 estações. A expectativa é que a capacidade seja de 20 mil pessoas por hora.

 

 

VLT Linha 1

Status: atrasada

O que é: Trecho de 6,5 km liga o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek à Asa Sul de Brasília.

Estágio: Obras suspensas pelo Ministério Público do Distrito Federal.

Valor: R$ 276,9 milhões (R$ 263 milhões financiados pela CEF).

 

Ampliação da rodovia DF-047

Status: em alerta

O que é: duplicação da rodovia que dá acesso ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck.

Estágio: início está marcado para janeiro de 2012, mas duplicação depende do início das obras do VLT.

Valor: R$ 103,4 milhões (R$ 98 milhões financiados pela CEF).

 

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