Obras de mobilidade para a Copa de 2014 seguem inacabadas

Das doze cidades-sede de 2014, oito ainda têm obras inacabadas ou paralisadas, algumas até "esquecidas"

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Fonte: Diário do Nordeste  |  Autor: Diário do Nordeste  |  Postado em: 15 de junho de 2018

Monotrilho Linha 17 em São Paulo

Monotrilho Linha 17 em São Paulo: ainda inacabada

créditos: Arquivo Metro/CPTM

Em plena Copa do Mundo de 2018, várias obras de mobilidade previstas para as capitais que sediaram a Copa de 2014 ainda seguem em andamento em oito cidades.


Em Cuiabá e Fortaleza, as linhas de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) previstas para a competição não foram concluídas. Em Brasília, onde o mesmo modal ligaria o aeroporto ao Plano Piloto, os projetos nem sequersaíram do papel.

 

Na capital de Mato Grosso, o trajeto de 23 km por onde passaria o VLT está abandonado. Cerca de R$ 1,1 bilhão já foram gastos na obra, inicialmente orçada em R$ 1,4 bilhão. O contrato com o consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela obra, foi rescindido após operação da Polícia Federal, em agosto de 2017, que apontou indícios de irregularidade na licitação. Um novo processo está sendo preparado pelo estado.

 

Em Fortaleza, os 13 km do VLT Parangaba-Mucuripe, que estavam previstos para 2014, não foram concluídos. A previsão é que a linha, que atravessa 22 bairros, seja entregue no final de 2018. Segundo a Secretaria da Infraestrutura do Ceará (Seinfra), as obras atrasaram por problemas com as empresas contratadas.

O contrato com a primeira empresa contratada (que durou de 2012 a 1014) foi rompido após a Seinfra receber inúmeras notificações de atrasos da empresa. Em 2015, as obras da linha foram dividas em três trechos: 1) passagem inferior da avenida Borges de Melo, no bairro de Vila União; 2) trecho entre estações Borges de Melo e Parangaba; 3) trecho entre estações Iate e Borges de Melo. Com a divisão, uma empresa foi contratada para fazer as obras em cada trecho, para dar mais celeridade. Porém, a empresa do trecho entre as estações Iate e Borges de Melo só foi contratada em 2017. 

 

Em Brasília, o VLT deu lugar a projetos de BRT, implantados gradualmente na cidade. Outras obras, como os túneis no trecho entre o centro de convenções e o estádio Mané Garrincha, também não foram concluídas.

 

No Recife, estão em andamento trechos do complexo viário Ramal da Copa, o Terminal Integrado de Camaragibe e duas linhas de BRT (via expressa de ônibus). No Corredor Norte-Sul, que tem previsão de conclusão em 2019, faltam entregar 2 das 28 estações previstas para a linha que terá 33 km e passará por cinco cidades do Grande Recife. No Corredor Leste-Oeste, faltam seis das 22 estações.

 

Em Porto Alegre, não foram concluídas as trincheiras da avenida Ceará e da rua Anita Garibaldi. As obras na avenida Tronco serão retomadas nos próximos dias. A prefeitura credita os atrasos à crise financeira -motivo pelo qual obteve um empréstimo de R$ 120 milhões e remanejou R$ 115 milhões destinados aos BRTs. Já em Belo Horizonte, a construção da Via 710, que vai ligar as avenidas dos Andradas e Cristiano Machado, deve ser concluída apenas no primeiro semestre de 2019.


Em Natal, ainda falta concluir a via de acesso ao Aeroporto Governador Aluízio Alves. Já em Curitiba, onde seis das sete obras previstas para a Copa foram entregues, restou a reforma do Terminal do Santa Cândida, que será retomada após quase dois anos parada.


Obras prontas com atraso
Em Salvador
, a linha de metrô ligando o centro da cidade ao aeroporto ficou pronta a tempo apenas da Copa do Mundo da Rússia. A Estação Aeroporto foi inaugurada em abril deste ano.

 

Em Manaus, o plano inicial de fazer um monotrilho e um BRT acabou sendo adaptado. A prefeitura criou um sistema de corredores de ônibus chamado Faixa Azul –cor da tinta pintada no asfalto para separar o transporte público do restante do tráfego. Na prática, o sistema é pouco respeitado pelos motoristas.

 

Em São Paulo, o monotrilho da linha 17-ouro também está inacabado. O projeto, contudo, foi retirado da matriz de responsabilidades após a escolha da Arena Corinthians (e não do Morumbi) como estádio da Copa. A opção pelo monotrilho - que supostamente seria mais barata e rápida -  também se mostrou inexplicável: orçada inicialmente em R$ 1,4 bilhão, a obra já chega a R$ 3,5 bi, custo equivalente ao de um metrô subterrâneo.

 

Em tempo
No Rio e em Belo Horizonte, as principais obras de mobilidade ficaram prontas a tempo da Copa de 2014. Mas isso não evitou percalços posteriores.

Com custo de R$ 2 bilhões, o BRT Transcarioca está sob investigação do Ministério Público Federal. O ex-secretário de Obras Alexandre Pinto está preso sob acusação de cobrar propina na construção. Ligando a zona oeste ao aeroporto internacional do Galeão, é utilizado diariamente por 234 mil pessoas -menos do que os 320 mil previstos. O Consórcio BRT afirma que a eficiência do corredor poderia melhorar com uma pavimentação mais adequada.

 

Há pendências em Belo Horizonte. O BRT já atende a 700 mil passageiros por dia em três corredores de ônibus com 23 km, mas obras complementares têm problemas: o viaduto construído na região da Pampulha desabou em plena Copa do Mundo, no dia 3 de julho de 2014, deixando dois mortos e 23 feridos. Quatro anos depois, o caso permanece sem solução. Não houve pagamento de indenização às vítimas e as construtoras Consol e Cowan ainda não fecharam um acordo com o Ministério Público para ressarcir a prefeitura.

 

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