Como no Brasil, nas cidades australianas, os sinais de trânsito dão prioridade aos veículos motorizados sobre os pedestres. Essa desigualdade prejudica muitos dos objetivos declarados das políticas de transporte, saúde e meio ambiente. Governos estaduais e municipais dizem que querem incentivar a caminhada e o ciclismo por vários motivos, entre eles:
# eficiência em termos de espaço
# menor impacto ambiental
# mais saudável
# são mais seguras para as outras pessoas nas ruas
# reduzem o número de carros.
Por tudo isso, os motoristas deveriam ser favoráveis ao caminhar e pedalar. Para ajudar a atingir esses objetivos, as agências de gerenciamento de trânsito também deveriam reequacionar os sinais de trânsito, de forma a redistribuir os tempos semafóricos nas interseções entre pedestres e carros.
Os planejadores tendem a se concentrar nas decisões mais amplas, de longo prazo, como infraestrutura e desenvolvimento urbano. No entanto, é justamente a mais curta das decisões de curto prazo - quantos segundos de luz verde cada movimento recebe em um cruzamento - que molda a percepção da viabilidade de caminhar ou dirigir até um destino em um determinado momento. Esse curto tempo influencia a escolha da rota, destino e modo de viagem.
O sincronismo do sinal de tráfego envolve matemática e tem sido historicamente delegado aos engenheiros. Mas também envolve valores e prioridades, e assim é o assunto apropriado da política pública. Desde o início do século 20 do que Peter Norton chama de “Motordom” (domínio do motor, do carro), o espaço nas ruas tem sido constantemente regulado e fechado. Isso limitou os direitos e privilégios dos pedestres ao promover os dos motoristas, em nome da segurança e eficiência. Mas segurança e eficiência para quem?
No passado, os pedestres cruzavam a rua quando e onde queriam. A introdução de sinais priorizou o movimento de veículos motorizados em detrimento dos pedestres, o que diminuiu a velocidade efetiva da caminhada pela cidade. Os pedestres agora passam cerca de 20% do tempo esperando nos cruzamentos. As conseqüências de tornar mais fácil dirigir e mais difícil de andar são consistentes com a ascensão de cidades dominadas por veículos.
Leia mais (em inglês), no artigo original:
# Como funcionam os sinais de trânsito
# Políticas públicas para melhorar a vida dos pedestres
# O advento dos veículos autônomos
Uma breve história do urbanismo em Barcelona e as ações presentes para estimular a caminhada urbana
Exemplo de transformação de um cruzamento em Londres: faixas em X, como as adotadas em São Paulo entre 2015 e 2016
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