Refém do diesel, transporte de São Paulo pode parar

Greve dos caminhoneiros afeta entrega do combustível para os 14 mil ônibus da cidade. Implantar outras formas de motorização evitaria o colapso

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 23 de maio de 2018

Terminal Parque Dom Pedro II, em São Paulo

Terminal Parque Dom Pedro II, em São Paulo

créditos: Foto: Moacyr Lopes Junior | Folha de S. Paulo

 

Nesta tarde (23) o SPUrbanuss, sindicato que reúne as empresas de ônibus urbanos que operam em São Paulo, encaminhou nota sobre a possibilidade paralisação da frota de coletivos da capital paulista em razão da greve dos caminhoneiros e a consequente falta de combustível.  

 

Segundo o documento, que foi encaminhado à Prefeitura de São Paulo, os baixos estoques de diesel poderão afetar os serviços já a partir de amanhã: "das 14 empresas concessionárias associadas ao SPUrbanuss, oito estão com reservas de diesel suficientes para uma operação parcial nesta quinta-feira (24). As outras seis empresas informaram que o óleo diesel em estoque é suficiente para manter a operação da frota até esta sexta-feira, dia 25", diz a nota do sindicato.

 

O SPUrbanuss informa também que mensalmente, são necessários cerca de 40 milhões de litros de óleo diesel para abastecer o sistema de ônibus municipais que conta com quase 14 mil veículos, que rodam cerca de 4 milhões de quilômetros por dia e transportam perto de 6 milhões de passageiros em 10 milhões de viagens diárias.

 

No final da tarde, a Prefeitura de São Paulo reconheceu a crise e informou "que nesta quinta-feira cerca de 40% da frota de ônibus da capital não deve circular em virtude da greve dos caminhoneiros". 

 

Elétricos, a gás e outros combustíveis
Se, como previsto anteriormente, parte da frota paulistana tivesse migrado para motores elétricos ou a gás, o estrago de hoje seria evitável? Três gestões municipais - Gilberto Kassab, Fernando Haddad e agora João Doria/Bruno Covas - praticamente fizeram vista grossa à obrigação colocada pela Política Municipal de Mudança do Clima (Lei 14.933, de 2009), que exigia ônibus com motorizações sustentáveis e 100% renováveis a partir de 2018.

 

O processo de renovação dos ônibus foi iniciado em decorrência da lei municipal de 2009. E chegou até a avançar na gestão Kassab, com o programa Ecofrota. Mas foi desativado em abril de 2014, na gestão Haddad, após denúncias de que as empresas estariam colocando ônibus a diesel comum para circular com o logotipo do programa.

 

Com a visível impossibilidade de cumprimento da meta até 2018, no início do ano o prefeito João Doria sancionou a lei 16.802, que alterou a Lei 14.933 e adiou a migração para uma "frota limpa".  Conforme a nova lei, as reduções de emissões de poluição pelos ônibus de São Paulo devem variar de acordo com o tipo de poluente, em prazos de 10 anos e até 20 anos, ou seja 2038.

 

Elétricos ou a gás, os coletivos continuariam a receber alimentação por meio das redes de eletricidade e dutos de distribuição do gás. Essas alternativas reduziriam a circulação de caminhões-tanque pela cidade, reduziriam congestionamentos e também evitariam as emissões de poluentes geradas pelos motores diesel. Não seria o momento de retomar as políticas públicas mais sustentáveis?


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