Bicicleta é mais sustentável, melhor para o bolso e a saúde, diz estudo

Pesquisa inédita sobre uso da bike em SP mostra que pedalar traz mais prazer e vantagens pessoais, e ganhos sociais como aumento de quase R$ 1 bi ao PIB da cidade

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Regina Rocha/ Mobilize Brasil  |  Postado em: 10 de maio de 2018

Bicicleta: melhor para a saúde, o ambiente e a eco

Bicicleta: melhor para a saúde, o ambiente e a economia

créditos: Marcos de Sousa/ Mobilize

Dados já não faltam para que o paulistano que diariamente pega o carro ou o ônibus para ir ao trabalho deixe de lado alguns conceitos e passe a considerar mais seriamente a bicicleta como meio de transporte viável e desejável. É o que revela o estudo Impacto Social do Uso da Bicicleta em São Paulo, realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em parceria com o banco Itaú e divulgado nesta quinta-feira (10). A pesquisa mensurou o potencial transformador da realidade social que o uso da bicicleta traz para três áreas da vida urbana: meio ambiente, saúde e economia.

 

De modo geral, os resultados apontam que se parte dos deslocamentos hoje feitos com automóveis e ônibus fossem realizados por bicicleta, haveria ganhos de produtividade, na saúde e redução da poluição. Alguns números: o PIB municipal poderia ter acréscimo de até R$ 870 milhões, haveria economia de 13% (R$ 34 milhões) por ano no Sistema Único de Saúde (SUS) com internações por doenças cardiovasculares e diabetes, e as emissões por CO2 com transporte poderiam ser 18% menores.

 

Outro destaque da pesquisa é o tempo ganho com a bike. Mais de 70% dos ciclistas da cidade passaram a utilizar a bicicleta como meio de transporte há mais de três anos. A principal motivação para começar a pedalar, é o tempo de deslocamento – ou seja, pessoas que consideravam que seu tempo de deslocamento era muito longo da forma como estava sendo feito.

 

Impactos ambientais

Para mensurar os impactos ambientais, os pesquisadores do Cebrap identificaram os deslocamentos realizados por automóveis e ônibus que poderiam ser substituídos por bicicleta, considerando como ‘viagens pedaláveis’ aquelas com até 8 km de distância realizadas entre 6h e 20h por pessoas com até 50 anos de idade.


Desse modo, 31% das viagens de ônibus poderiam ser pedaladas, levando a uma diminuição de 8% do CO2 emitido por este meio de transporte. Considerando-se os deslocamentos realizados de automóvel, até 43% deles poderiam ser realizados de bicicleta, gerando um potencial de economia de 10% das emissões. A partir da análise, estima-se que os ciclistas de São Paulo são responsáveis, atualmente, por uma redução de 3% de todo o CO2 emitido com transporte de passageiros na cidade. 


Se o potencial ciclável fosse atingido, poderíamos ter uma redução de até 18% da emissão de CO2 originárias dos transportes de pessoas na cidade de São Paulo
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Atividade física
Na perspectiva individual dos impactos na saúde, o estudo comparou os perfis de atividade física da população de São Paulo em geral e de ciclistas, com a hipótese de que o segundo grupo seria mais ativo. A proporção de indivíduos regularmente ativos entre ciclistas é quase três vezes maior que a da população em geral.

 

No que diz respeito à dimensão social, partiu-se da ideia de inatividade física como fator de risco associado a doenças, projetando a potencial economia de recursos no sistema de saúde caso a população de São Paulo adotasse um perfil de atividade física semelhante ao dos ciclistas da cidade.

 

Concluiu-se, então, por um lado, que o uso da bicicleta para os deslocamentos cotidianos propicia aos indivíduos uma redução nas chances de adquirir uma série de doenças. Por outro, traz um benefício social de economia no sistema de saúde que beneficia a sociedade.

 

Os pesquisadores projetam que, caso a população aderisse ao perfil de atividade física dos ciclistas, a redução da chance de ter diabetes ou doenças do aparelho circulatório, em função de um maior nível de atividade física, levaria a uma redução de gastos no SUS com a internação em virtude dessas doenças. O impacto estimado na área da saúde poderia gerar mais de R$ 34 milhões em economia somente na cidade de São Paulo.

 

Ganhos econômicos 

A pesquisa projeta o potencial aumento do PIB municipal levando em consideração o ganho de tempo no deslocamento. Parte-se da premissa de que deslocamentos mais rápidos geram maior produtividade, impactando o PIB.

 

Se o potencial ciclável das viagens realizadas de automóvel e ônibus em SP fosse aproveitado, haveria um acréscimo de aproximadamente R$ 870 milhões no PIB municipal por ano.

 

Também o peso do item transporte na renda mensal pessoal foi calculado. Estimou-se quanto os indivíduos poderiam economizar caso utilizassem a bicicleta nas viagens pedaláveis em dias úteis. O impacto seria maior nas classes mais baixas, com uma economia média de R$ 214.

 

Desafios
Embora o potencial de impacto do uso da bicicleta em relação a meio ambiente, economia e saúde seja significativo, o estudo revelou que metade da população da cidade (50%) não demonstra nenhuma disposição de adotá-la como um meio de transporte cotidiano. Os motivos para essa indisponibilidade, dizem os entrevistados, seria o fato de não gostarem ou terem medo (51%).

 

Mas essa postura se modifica ao ser colocada pela pesquisa a possibilidade de haver melhorias na infraestrutura cicloviária da cidade. Nessa condição, 31% da população estaria disposta a usar a bicicleta em seus deslocamentos diários. Para estes, também contribuiria na mudança de hábito com a adesão à bicicleta a ideia de haver estímulo à atividade física (30%).  

 

“Se planejadores urbanos, políticos, estudantes ou mesmo a população têm dificuldade de entender por que é importante incentivar o uso da bicicleta em São Paulo ou em qualquer grande cidade, este estudo contribui com algumas respostas”, diz Carlos Torres Freire, coordenador do Cebrap responsável pela pesquisa.

 

Por fim, vale destacar a conclusão do estudo: "A bicicleta tem potencial para produzir impactos extremamente positivos para os habitantes individualmente, bem como para a cidade de modo geral. Na sua dimensão individual, pode produzir uma vivência mais qualificada da cidade, uma apropriação do espaço público mais efetiva por parte da população, bem como uma sensação de segurança maior."

 

Leia o o estudo Impacto Social do Uso da Bicicleta em São Paulo

 

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