Os metrôs de Recife, Belo Horizonte, Maceió, João Pessoa (VLT) e Natal, as cinco capitais brasileiras operadas pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), podem parar de funcionar até o fim deste mês de abril se o Orçamento de 2018 para o setor não for revisto.
A informação é do diretor-presidente da CBTU, Companhia Brasileira de Trens Urbanos, José Marques de Lima, em audiência pública realizada ontem (4) na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), em João Pessoa (PB). Cerca de 600 mil pessoas seriam prejudicadas diariamente, segundo cálculos do executivo.
A declaração do diretor-presidente foi dada pouco mais de um mês após a CBTU afirmar, por meio de sua assessoria, que o Ministério do Planejamento já havia garantido recursos para trens e metrôs. A liberação da verba, no entanto, ainda é aguardada.
O orçamento para os metrôs e veículos leves sobre trilhos (VLTs) das cinco praças, que no ano passado foi de R$ 265 milhões, caiu para R$ 142 milhões em 2018, para atender à política de corte de gastos prevista na Emenda Constitucional 95.
Marques de Lima observou que se chegou a cogitar no início do ano reduzir o número de viagens e de trens em circulação, mas nova avaliação de técnicos da CBTU aponta que seria impossível manter o sistema em funcionamento sem o reforço do orçamento. “O sistema simplesmente para de funcionar. Contratos de energia, folha de pagamento dos funcionários e outras despesas inviabilizam a continuidade da prestação dos serviços caso não haja uma recomposição imediata”, alertou o diretor.
O coordenador-geral de Orçamento do Ministério das Cidades, Octávio Luiz Bitencourt, reforçou que a pasta já solicitou aos ministérios das áreas econômicas um crédito de R$ 122 milhões para a CBTU, de forma a recompor o orçamento e garantir ao menos o que foi gasto no ano passado para manter trens e metrôs em operação.
Queda em investimentos
Além da redução do orçamento para custeio, caíram também os recursos para investimento. Em 2012, ano que atingiu o pico de investimentos no setor, foram autorizados R$ 783 milhões por meio do Programa de Aceleração do Crescimento para a CBTU. Neste ano, menos de R$ 40 milhões foram destinados para expandir linhas e adquirir novos trens.
Rômulo Dante Orrico Filho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), observou que os investimentos em mobilidade urbana, especialmente em trens, metrôs e VLTs ajudam a aliviar o trânsito das cidades e têm impacto positivo na produtividade. “Reduzir investimentos em sistemas ferroviários urbanos é um contrassenso à economia, e a consequência é a elevação do Custo Urbano Brasil”, resumiu.
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