Em janeiro passado a cidade de Volta Redonda (RJ) divulgou sua intenção de tornar permanente a linha gratuita de ônibus elétricos que circulou no final de 2017 no centro da cidade. A razão principal veio do aporte que o comércio dessa região recebeu com a possibilidade de circulação fácil, confortável e econômica dos clientes por meio da linha com tarifa comercial zero.
A constatação parece ser válida para todas as cidades brasileiras, a julgar pelos resultados da pesquisa Impactos da mobilidade urbana no comércio de varejo realizada pelo Ibope em janeiro de 2018 a pedido da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O estudo ouviu 1.500 pessoas em todo o país e confirmou a relação direta entre mobilidade urbana e acesso ao comércio. Em outras palavras, os consumidores evitam fazer compras em locais sem transporte público de qualidade e com trânsito difícil, sem espaços para estacionamento. Por outro lado, a oferta de calçadas bem construídas, ciclovias, ônibus, trens e metrôs atraem consumidores.
Prioridade ao transporte público
Além de identificar o impacto da mobilidade urbana nas decisões de compra dos brasileiros, o estudo investigou a opinião dos consumidores sobre a qualidade do transporte público no País. Segundo o levantamento, em cada 10 brasileiros que moram nas capitais, oito estão insatisfeitos com o trânsito (77%) e sete com a qualidade do transporte público em sua cidade (71%).
Na opinião desses entrevistados, a principal ação a ser tomada para reverter o problema do trânsito é investir na qualidade do serviço de transporte, citado por 64%. Em seguida, surgem outras sugestões como ampliar vias já existentes (43%), aumentar a proibição de estacionamento nas ruas e avenidas (29%), garantir a segurança das pessoas (28%) e incentivar campanhas de carona solidária (24%).
Outro dado revelado pelo estudo é que 71% dos brasileiros concordam com medidas que priorizam o transporte coletivo, como construção de corredores e faixas exclusivas de ônibus, mesmo que isso implique em sacrificar o espaço de ruas e avenidas destinado a carros. Há, também, 80% de entrevistados que apoiam o fechamento de vias aos domingos para propiciar atividades de lazer e circulação de pedestres e ciclistas.
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