Estudos nos EUA mostram que Uber e Lyft vêm piorando o trânsito

Opções de mobilidade por automóveis estariam levando as pessoas a optarem por utilizar carro ao invés de irem a pé ou de bicicleta nas já congestionadas cidades dos EUA

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Fonte: Época  |  Autor: Época  |  Postado em: 26 de fevereiro de 2018

Apps são usados em áreas já congestionadas de San

Apps são usados em áreas já congestionadas de San Francisco

créditos: Kalw.org

De forma geral, o surgimento de aplicativos de carros barateou o custo das corridas e fez com que muita gente optasse por deixar seu próprio automóvel em casa - muitos até se desfizeram de veículos próprios e passaram a compartilhar corridas. Ótima notícia para o trânsito, certo? Não.

 

A lógica é mais complexa que esta. Estudos nos Estados Unidos apontam que serviços de mobilidade por meio de automóveis, como Uber e Lyft, têm aumentado - e não diminuído - o trânsito. Entre 49% e 61% das viagens por aplicativos não existiriam, segundo uma pesquisa da Universidade da California, divulgada em outubro de 2017. 

 

A pesquisa, que ouviu cerca de 4 mil usuários norte-americanos, aponta que eles optariam por outras formas de locomoção se o serviço não estivesse disponível, como andar a pé ou de bicicleta. 

 

Em Boston, outra pesquisa mostrou que 59% dos 944 usuários entrevistados não teriam entrado em um carro para realizar o percurso desejado se os serviços não existissem; em Manhattan, um estudo apontou que o aumento no número de táxis e carros atuando para os aplicativos tem elevado o trânsito na cidade; em San Francisco, segundo o Chicago Tribune, o número de corridas feitas pelos serviços por apps é de 170 mil por dia, doze vezes mais que as realizadas por táxis comuns - e elas estão concentradas nas áreas que já são as mais congestionadas. O trânsito, assim, fica pior.

 

As empresas que oferecem serviços de carros têm outra percepção. Para a Lyft, a maior concorrente do Uber nos Estados Unidos, os serviços reduzem o número de carros próprios em circulação nas cidades. "A Lyft está focada em fazer da propriedade sobre um automóvel algo opcional, fazendo com que mais pessoas compartilhem suas viagens", disse o porta-voz Adrian Durbin. Alix Anfang, do Uber, vai na mesma linha. "O objetivo a longo prazo do Uber é acabar com a dependência sobre os veículos pessoais e permitir uma mistura de transporte público e serviços como o do aplicativo", disse a porta-voz.

 

Uber Express Pool

Em novembro de 2017, o Uber testou em San Francisco e Boston um novo serviço de compartilhamento de veículos. O Express Pool leva os usuários com interesse em um destino semelhante para um mesmo ponto de partida, de onde eles entram juntos no carro oferecido pelo aplicativo da empresa. O seu funcionamento é similar ao de uma linha de ônibus ou metrô. A demanda pelo serviço durante os testes foi satisfatória e, na semana passada, a opção foi lançada no mercado norte-americano.

 

"Isto pode vir a ser bom para o congestionamento caso as taxas de ocupação dos veículos cresçam; mas por outro lado as viagens por Uber Pool e possivelmente pelo Express são realmente baratas, então é quase certo que retirarão as pessoas dos transportes públicos", disse Christo Wilson, professor de ciência da computação da Universidade Northeastern de Boston, que estudou sobre a prática de aumento de preços do Uber em horários de alta demanda. "O consenso crescente é que o compartilhamento de veículos tem aumentado o trânsito."

 

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