Os cerca de mil metros de extensão do calçadão da Rua XV de Novembro, um dos cartões postais de Curitiba, não possui nenhum local exclusivo para estacionamento de bicicletas. O fluxo de bikes na via é intenso, seja de quem circula a trabalho ou a lazer. Mesmo assim, todos que precisam deixar o veículo por um tempinho têm de improvisar. Com isso, floreiras, árvores e bancos acabam servindo para prender as bikes, evitando que sejam levadas.
O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) explica que a ausência de vagas para bicicletas é porque o calçadão não é uma via para o trânsito de bikes. O órgão da prefeitura alega que por isso não há mobiliário para bicicletas. E complementa que os locais para estacionar este tipo de veículo estão em pontos próximos ao calçadão, como a Praça Osório, a Biblioteca Pública ou ao longo da Avenida Marechal Deodoro - respectivamente no início, ao fundo e paralelo ao passeio.
O entregador Fábio Tomé afirma que se houvesse local para estacionar a bicicleta facilitaria a vida de quem transita de bicicleta, principalmente a de quem trabalha como veículo, pela grande quantidade de escritórios, empresas e consultórios no calçadão. Sem essa opção, Tomé tem de recorrer às floreiras para prender a bike, o que o deixa preocupado. “O certo seria prender a bicicleta pelo quadro e pela roda, mas não tem como. Quando paro e tenho que ficar muito tempo nos lugares, fico apreensivo com a bike, porque a gente não sabe como são presas essas estruturas, que podem ser arrancadas”, argumenta.
Entregador de uma rede de lanchonetes com diversas unidades no Centro, Daimon Santos Celestino precisa recorrer à ajuda dos próprios comerciantes e outros colegas que trabalham da mesma forma para não ter a bicicleta roubada quando faz entregas na XV. “Eu paro e peço para quem está ali dar uma olhadinha. Só que tem que ser rápido, senão acabam levando mesmo”, revela.
Daimon, aliás, por pouco não teve a magrela roubada em uma das entregas no calçadão. “Um dia parei para entregar umas coisas na loja aqui do calçadão e, quando voltei, vi que o cara ia montar na bicicleta. Mas corri e consegui impedir”, aponta.
Já a atendente Alice Medeiros vai ao Centro de bicicleta a passeio e que, por ser um dos principais pontos turísticos de Curitiba, o calçadão da XV deveria ter locais próprios para as bicicletas. “você chega aqui e precisa largar a bicicleta, e faz o que? Não tem um lugar para deixar e sair passear a pé”, diz.
Onde pode
Segundo o Ippuc, paraciclos e bicicletários são implantados em locais de grande fluxo de pessoas, como terminais, parques e prédios de atendimento público, além de vias em que é permitida a circulação de bicicletas. O órgão afirma que demandas específicas sobre o assunto são avaliadas e instalações são feitas sempre próximas a equipamentos públicos. Dentro de áreas privadas é permitida a instalação, sempre respeitando a área de recuo do imóvel.
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