Bicicletas Vs. scooters, a polêmica nas ciclovias da Holanda

Holandeses realizam campanha e protestos para impedir a circulação de ciclomotores nas ciclovias. Acidentes e poluição são os dois principais motivos

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Fonte: Bycicle Dutch  |  Autor: Bycicle Dutch | Tradução Mobilize  |  Postado em: 28 de setembro de 2017

Devolvam as ciclovias aos ciclistas!

Protesto em Amsterdã: Devolvam as ciclovias aos ciclistas!

créditos: Bycicle Dutch

Quem não conheceu as grandes manifestações pró-ciclismo em Amsterdã (e outras cidades na Holanda) na década de 1970, poderia vivenciar um "revival" na sexta-feira passada, 22 de setembro de 2017. Naquela tarde, milhares de holandeses saíram pedalando nas ruas da capital com suas bicicletas e mais bandeiras, bandeirinhas, apitos e cornetas. 

O motivo é a crescente "invasão" das ciclovias holandesas por scooters e ciclomotores, com seu volume excessivo, velocidade alta, ruído e poluição. O prefeito de Amsterdã, Eberhard van der Laan, já havia convencido o ministro dos Transportes, em junho de 2014, de que essa convivência entre bicicletas e veículos motorizados não era desejável. A legislação prevê a livre circulação desses veículos nas ciclovias desde que não ultrapassem a velocidade de 25 km/h, limite que não estava sendo respeitado. O ministro propôs que os legisladores decidissem realocar os scooters nas pistas para carros, mas a discussão foi sendo adiada, sem solução. Para convencer os legisladores nacionais, as associações de ciclistas e outras organizações que lutam contra a poluição iniciaram uma campanha nacional com o slogan "Devolvam as ciclovias aos ciclistas".

Vídeo da NL Cycling sobre o protesto de 22 de setembro

A visão dos condutores de scooters
Uma semana antes, catorze usuários de scooters e motociclos também fizeram um protesto, circulando a 25 km/h nas pistas para carros para mostrar os riscos desse compartilhamento de espaço entre as pequenas motos ao lado de caminhões, ônibus e automóveis. Em sua defesa, a União de Ciclistas Holandeses cita trecho de um artigo recente da Dutch Road Safety Authority SWOV: 

"O deslocamento dos scooters de tipo lento para a rua não é perigoso". Pelo contrário..."a circulação de scooters na rua, com a introdução da obrigatoriedade de uso do capacete reduziria o número anual de feridos em cerca de 261 vítimas. Esta seria uma redução de 38% em relação à 2012, quando o número foi de 689".

Motivos para o protesto:

# Hoje a Holanda tem quatro vezes mais scooters que há dez anos

# 96% dos scooters andam muito rápido

# Scooters estão envolvidos em acidentes até três vezes mais do que todos os outros usuários das vias

# Scooters são muito poluentes: emitem até cem vezes mais  do que os veículos diesel antigos*

*Como os carros, vans, ônibus e caminhões usados atualmente no Brasil


Agora, em 2017, existem cerca de 40 mil scooters em Amsterdã e mais de 700 mil em todo o país, a maioria circulando em ciclovias. Por isso o protesto.
Os defensores de manter os scooters nas ciclovias argumentam que a resposta para a polêmica é simples: bastaria impor o limite de velocidade de 25 km/h. Mas já em 2014, o prefeito Eberhard van der Laan havia convencido o ministro de que a fiscalização não resolvia o problema. "Em 2013, 4.000 das 16.000 horas de policiamento de gerenciamento de tráfego disponíveis foram dedicadas a tentar impor o limite de velocidade para ciclomotores leves. Em 2012, 50% de todos os pilotos de ciclomotores foram interrompidos uma ou mais vezes. Em 2013, essa porcentagem aumentou para 56%", explicou o prefeito. A taxa de condutores em alta velocidade subiu para 81% nos anos subseqüentes e na visão da União do Ciclistas, quando tanta gente quebra as regras, a aplicação intensiva da lei torna-se praticamente impossível.


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