Mobilidade urbana: a novidade é o "Ped_ativismo"

Depois do cicloativismo, pessoas em todo o país lutam pela mobilidade a pé e em cadeiras de rodas. Meli Malatesta fala dos avanços desde 2011, quando nasceu o Mobilize

Notícias
 

Fonte: Mobilize Brasil / Pé de Igualdade  |  Autor: Meli Malatesta  |  Postado em: 18 de setembro de 2017

Meli enfrenta as calçadas nos Jardins, em São Paul

Meli enfrenta as calçadas nos Jardins, em São Paulo

créditos: Foto: Sérgio Castro / Estadão

Nesta Semana da Mobilidade o Mobilize Brasil completa seis anos de atividades. Concebido e dirigido por Ricky Ribeiro, o Mobilize começou a ser estruturado no final de 2010, mas somente em setembro do ano seguinte, exatamente nas vésperas do Dia Mundial Sem Carro, o portal nasceu para o público com o lançamento do Estudo 2011Para marcar a data, publicamos a visão de alguns colaboradores e ativistas sobre os avanços (ou retrocessos) obtidos pelo Brasil na área de Mobilidade Urbana Sustentável ao longo desses 2.200 dias. Seguimos a série com o texto de Meli Malatesta, do blog Pé de Igualdade. 
 

"Nos últimos anos, finalmente, as políticas públicas de mobilidade urbana têm abandonado o foco do transporte motorizado individual, da fluidez e da velocidade. E começam a nascer leis sintonizadas com a sustentabilidade e a inclusão social.

A primeira delas, a Lei Federal da Mobilidade Urbana, prioriza o transporte público coletivo  - e de carga  -  sobre os modos individuais, carro e moto. E mesmo que de forma genérica e pouco clara, prioriza os “modos não-motorizados” sobre todos os demais. A Política Nacional de Mobilidade Urbana estabelecida por esta lei obriga os municípios com mais de 20 mil habitantes a apresentarem planos de mobilidade se quiserem obter recursos do governo federal para seus projetos de transportes.

A denominação “não-motorizado” mistura no mesmo balaio a mobilidade a pé e a cicloviária e faz com que a caminhada continue esquecida como modo de transporte.  E assim, muitas cidades investem em redes cicloviárias robustas e vistosas, mas ignoram completamente suas redes de calçadas.

Calçadas são a infraestrutura de mobilidade urbana mais utilizada no país, já que 36% das viagens diárias nas cidades brasileiras são feitas exclusivamente a pé, segundo levantamentos da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Apesar dessa relevância, elas continuam sendo construídas e mantidas de forma precária. Isso quando existem.

Em sintonia com esse movimento, outra política pública que vem ganhando  voz e espaço é a da inclusão e da acessibilidade, especialmente com a Lei Brasileira da Inclusão, que entre suas diretrizes obriga as autoridades a construir e manter a infraestrutura para a circulação de pessoas com mobilidade reduzida em todas as cidades do país: calçadas, rampas e sinalização adequada. Enfim, o que é bom para cadeirantes, cegos e idosos é bom para todas as pessoas. 

Assim, como reação da sociedade civil organizada, e inspirado no cicloativismo, surge o “ped_ativismo” cada vez mais numeroso e atuante. Porque todos somos pedestres."

*Meli Malatesta é arquiteta, especialista em mobilidade ativa e blogueira do Pé de Igualdade


Leia também:
Mobilidade urbana: "discussão avançou, mas pouco se fez de concreto"
Calçadas enfrentam falta de padronização e de cuidados
Gesto da mãozinha, o retorno 
Onde e como puder…Faltava vontade política para implantar ciclovias, diz Meli Malatesta

 


  • Compartilhe:
  • Share on Google+

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário