Ônibus poluidor é tema de audiência pública amanhã (17) em SP

Projeto de vereador adiaria por 20 anos a retirada de ônibus movidos a óleo diesel das ruas da capital paulista. Leia o abaixo-assinado

Notícias
 

Fonte: Greenpeace/Mobilize Brasil  |  Autor: Mobilize Brasil  |  Postado em: 16 de agosto de 2017

Ônibus diesel emite fumaça preta em São Paulo

Ônibus diesel emite fumaça preta em São Paulo

créditos: Reprodução Blog do Mílton Jung

Acontece amanhã, quinta-feira, a partir das 17h, na Câmara dos Vereadores de São Paulo, a audiência pública para debater o polêmico projeto de lei de Milton Leite (DEM), que postergaria para 2037 a retirada dos ônibus a diesel da frota paulistana. Também conhecido como PL da Poluição, o projeto ignora pesquisas que mostram que a poluição mata mais que o trânsito em São Paulo: são mais de 11 mil mortes precoces por ano provocadas pela má qualidade do ar, lembra nota divulgada hoje pelo Greenpeace. 

Além de gerar gastos superiores a R$ 300 milhões ao ano com saúde, a poluição contribui para o aquecimento global: segundo o Programa de Meio Ambiente da ONU, 70% das emissões dos gases de efeito estufa acontecem em áreas urbanas, onde o transporte tem peso prevalente. 

Somente o diesel – combustível usado em praticamente toda a frota de ônibus da cidade - será responsável por 178 mil mortes em 30 anos de acordo com estudo do Instituto Saúde e Sustentabilidade para o Greenpeace, com um custo de R$ 54 bilhões apenas em internações. A perda de produtividade é calculada em R$ 38 bilhões. Quase 13 mil mortes até 2050 podem ser evitadas se os ônibus municipais passarem a usar combustíveis renováveis.  

Apesar de todas estas evidências, o PL 300 concede às empresas de ônibus mais 20 anos para esse processo e o divide em suaves prestações. No caso dos ônibus elétricos, por exemplo, a primeira meta é de apenas 75 carros, em 2023. 

Segundo os artigos 50 e 51 da Política Municipal de Mudanças Climáticas, a lei 14.933, de junho de 2009, o total da frota municipal de ônibus deveria ser 100% alimentado por combustíveis limpos a partir do ano que vem.  Essa lei estabelecia que a renovação já deveria ter sido iniciada e que se daria a uma taxa de 10% ao ano, mas foi sumariamente ignorada pelas empresas e pelo poder público.

A chamada Ecofrota, que já teve 1.846 veículos em 2013, tem hoje apenas 212 carros movidos por algum tipo de energia limpa – menos de 1,5% do total de 14.511 ônibus da frota municipal veículos.  É evidente, portanto, que o prazo estabelecido pela lei não será cumprido e precisa ser revisto. Mas ele pode ser bem menor que os 20 anos propostos no projeto: segundo estudo do Greenpeace, o processo inteiro pode ser completado em apenas quatro anos. 

Diesel, energia alternativa?
O projeto, segundo os ativistas do Greenpeace, contém uma manobra que permite que o diesel seja classificado como energia alternativa. Isso porque ele permite que o diesel utilizado atualmente seja substituído pelo chamado B50 (50% biodiesel e 50% etanol), onde o número ao lado do B é o percentual de biodiesel adicionado ao diesel. O gás natural também é visto como combustível elegível, e não deveria ser, já que sua queima emite gases de efeito estufa sem que haja qualquer compensação na etapa produtiva, como acontece com o etanol. 

Ainda de acordo com o Greenpeace, o projeto de lei não estabelece mecanismos de controle das metas. "Na prática, isso significa que, assim como vimos com a lei original, de 2009, não há qualquer punição para quem não cumprir a lei. Sem essas penalidades, o risco de termos a mesma situação ocorrendo novamente daqui a alguns anos é enorme", completa a nota divulgada hoje pelo Greenpeace e assinada pelo Idec, Minha Sampa, Rede Nossa  São Paulo e Cidade dos Sonhos.

As entidades citadas acima estão passando um abaixo-assinado à população se posicionando contra o projeto de lei do vereador Milton Leite (DEM). Para assinar, clique aqui.

Serviço:
Audiência pública sobre o PL 300
Quinta-feira, 17 de agosto, a partir de 17h
Local: Câmara dos Vereadores de São Paulo
Viaduto Jacareí, 100, Bela Vista, São Paulo
Estação Anhangabaú do metrô

Leia também:
Poluição do ar mata 11 mil por ano em SP
Médicos de vários países lançam campanha contra poluição do ar
Poluição mata mais do que acidentes de trânsito, revela pesquisa


 

Comentários

Nenhum comentário até o momento. Seja o primeiro!!!

Clique aqui e deixe seu comentário