Cidades dificultam o caminhar. Estatuto do Pedestre quer mudar isso

Pedestres são 1/3 das viagens, mas não têm 1/3 dos orçamento. Recursos à mobilidade a pé e o Estatuto do Pedestre foram temas de debate por ativistas e autoridades em SP

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Regina Rocha / Mobilize Brasil  |  Postado em: 10 de agosto de 2017

Police Neto, Sérgio Avelleda, Meli Malatesta, Sílv

Police Neto, Sérgio Avelleda, Meli Malatesta, Sílvia Stucchi

créditos: Mobilize Brasil

Somos todos pedestres, foram unânimes em afirmar os participantes da mesa-redonda realizada nesta terça-feira (8) em São Paulo, que discutiu o recém-aprovado Estatuto do Pedestre da cidade, evento organizado pelo projeto Como Anda e Instituto Clima e Sociedade (iCS). Também houve concordância na proposta de que poder público e sociedade devem continuar a atuar juntos para garantir o cumprimento do novo marco regulatório. 

O debate foi aberto com a indagação do por quê as cidades brasileiras não terem calçadas de qualidade, que permitam a todas as pessoas exercer seu legítimo direito ao espaço urbano. E foram várias vozes que se levantaram na platéia para exigir respeito a todos os cidadãos  - idosos, pessoas com deficiência, crianças, mulheres, moradores da periferia etc. 

Se o Estatuto sinaliza um primeiro passo nessa direção, sua efetividade dependerá do poder público, fiscalizando e atuando, da iniciativa privada e até de mudanças culturais da sociedade, concluíram os participantes.    

Aprovado pelo prefeito João Doria no último dia 13 de junho, o Estatuto do Pedestre foi elaborado com participação de ativistas em mobilidade ativa, políticos e representantes do governo municipal. O texto de lei agora entra na fase de regulamentação, por  90 dias, período em que vetos e outros pontos podem ainda sofrer alguma modificação, mas uma etapa principalmente voltada a "definição sobre prazos, multas e responsabilizações, e o que mais venha a tornar a lei aplicável", lembrou Glaucia Pereira, da associação Cidadeapé, uma das participantes do debate. 

Também presente à primeira mesa, o vereador e presidente da Frente Parlamentar Rio Cidade Caminhável, Alexandre Arraes, disse que "veio a São Paulo para aprender com essa experiência e levá-la ao Rio, onde um substitutivo do estatuto do pedestre está sendo preparado". "Passamos a estudar dele o que consideramos mais importante, como saber quem financia - para isso, devemos criar um fundo para a mobilidade ativa. Nosso estatuto deverá prever ainda uma ouvidoria e um conselho da mobilidade ativa", completou.

Mesa com Erika Mota (ABCP), Glaucia Pereira (Cidadeapé), vereador Alexandre Arraes e Rafaella Basile (Cidade Ativa)

Tempos semafóricos 
Já na segunda parte do debate compareceram o vereador e principal redator do projeto do Estatuto, José Police Neto, o secretário de Mobilidade e Transportes de São Paulo Sérgio Avelleda, e Meli Malatesta, presidente da Comissão Técnica de Mobilidade a Pé e Acessibilidade da ANTP. 

Avelleda falou das ações que a Prefeitura já vem realizando de adaptação da infraestrutura da cidade para melhorar a condição de quem anda, como a ampliação dos tempos semafóricos, e falou ainda do que a gestão pretende fazer, como criar rotas de pedestres em trechos de dois quilômetros próximos a escolas e terminais. "Todos os semáforos em São Paulo vão garantir travessia segura", prometeu o secretário, ao informar que já foram implantados tempos maiores em cruzamentos de sete corredores na cidade, o último deles em M'Boi Mirim, zona sul. Lembrou ainda que São Paulo tem cerca de 34 mil km de calçadas e que no Plano de Metas a atual gestão se colocou o desafio de criar uma rede de calçadas que seja uma via estruturante de mobilidade para a cidade. 

Veja o vídeo completo do debate:

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