A poluição do ar afeta cada dia mais a saúde humana, sendo responsável hoje por uma em cada nove mortes no planeta. Num esforço por combater os altos índices dessa poluição nos ambientes urbanos, médicos e profissionais de saúde de várias partes do mundo lançam nesta terça-feira (2) a campanha Cidades sem Máscara (Unmask my City), ação presente em 10 cidades de quatro continentes.
China e Índia são países que aparecem com frequência em manchetes alarmantes denunciando este problema, mas não é só lá: em todo o mundo 92% das pessoas vivem em locais que não atendem às diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a qualidade do ar.
Por isso, a campanha aproximou os profissionais do setor da saúde com o objetivo de fazer cumprir, até 2030, o padrão de qualidade do ar estabelecido pela OMS, e estimular as cidades a adotarem medidas efetivas de redução destes índices até 2020.
De Londres a São Paulo, de Istambul a Salt Lake City, de Varsóvia a Chennai, e em várias outras localidades, os limites estabelecidos para poluição do ar excedem significativamente os níveis considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde.
Para Jeni Miller, diretora da Global Climate and Health Alliance, “os profissionais de saúde reconhecem a ameaça que a poluição atmosférica representa para seus pacientes e sentem a responsabilidade de falar sobre isso".
Ela explica que a poluição no meio urbano vem se intensificando em diversos lugares, e seu efeito sobre a saúde humana e sobre a mudança do clima global é também pior do que se sabia anteriormente.
Mas para Miller, ainda há como conter esse desastre ambiental: "Ao transformar os sistemas de transporte e energia em nossas cidades, podemos ajudar a alcançar um clima seguro e melhorar a saúde pública, construir economias mais fortes e melhorar a qualidade de vida de maneira que todos se beneficiem", afirma.
Poluição em São Paulo
Na cidade de São Paulo, a poluição atmosférica é causada principalmente pela queima de combustíveis fósseis nos meios de transporte. São cinco milhões de automóveis em circulação na cidade movidos a álcool ou gasolina e a emissão veicular é responsável por cerca de 4 mil óbitos por ano.
Além disso, quase toda a frota de ônibus, bem como os caminhões utilizados nos principais sistemas de distribuição da capital paulista (alimentos, gás de cozinha, transporte de mercadorias, entre outros) dependem do óleo diesel. E isso contribui significativamente para o aumento da poluição por MP 2,5, o material particulado fino em suspensão no ar, capaz de atingir as regiões mais profundas do sistema respiratório.
Já Vital Ribeiro, presidente do conselho do projeto Hospitais Saudáveis, ONG que coordena a São Paulo sem Máscara, acha que “a campanha no Brasil, em especial na cidade de São Paulo, vai promover o debate sobre possíveis soluções para a poluição do ar, com destaque para os impactos sociais e sobre o sistema de saúde”.
Para a redução dessa poluição, diz o profissional, serão decisivas “medidas como a melhoria do transporte público, preferencialmente sobre trilhos, movido a combustíveis limpos e renováveis, o maior controle sobre as emissões de automóveis, ônibus e caminhões e a melhoria das condições para locomoção por bicicleta ou a pé”.
A campanha
Como foi dito, a campanha Cidades Sem Máscara (Unmask My City) é uma iniciativa global que mobiliza os profissionais de saúde a demandarem a adoção de políticas e realizarem vários tipos de ações ao seu alcance para reduzir a poluição do ar, em apoio às metas da OMS por um ar saudável em cidades de todo o mundo até 2030.
A iniciativa é o resultado de uma parceria entre a Global Climate and Health Alliance/ Aliança Global para o Clima e a Saúde (GCHA); Health Care Without Harm/ Saúde Sem Dano; Health and Environment Alliance/ Aliança Saúde e Meio Ambiente; US Climate and Health Alliance/ Aliança para o Clima e a Saúde dos EUA e UK Health Alliance for Climate Change/ Aliança da Saúde para a Mudança Climática do Reino Unido.
As cidades representadas pelas organizações parceiras incluem: São Paulo (Brasil); Chennai (Índia); Varsóvia (Polônia); Belgrado (Sérvia); Emalahleni (África do Sul); Adana, Hatay e Istambul (Turquia); Londres (Reino Unido); e Salt Lake City (Estados Unidos).
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