Ciclofaixas, ciclovias e faixas para pedestres e passeios salvam vidas, melhoram as cidades e ajudam a reduzir o trânsito. Ao sugerir a extinção de faixas exclusivas, Dória e Avelleda voltam a estimular o uso irracional (e violento) de automóveis
Um dia após a abertura do Fórum Mundial da Bicicleta, no México, e das comemorações dos 200 anos de invenção da Draisiana, a avó alemã da bicicleta, e que divulgamos a inclusão de um capítulo sobre a bicicleta no Código de Trânsito Brasileiro, acordamos hoje com a informação de que a Prefeitura de São Paulo pretende substituir parte dos 468 km de ciclovias da cidade por ciclorrotas, sugerindo que os ciclistas deverão voltar a compartilhar o asfalto com automóveis, caminhões, ônibus e motocicletas.
Compartilhar é um conceito interessante, desde que o trânsito seja acalmado, fiscalizado, e tenha suas velocidades reduzidas, para segurança de todos, inclusive dos motoristas. Mas não é isso o que se vê nas ruas e avenidas brasileiras, como constatamos, todos os dias, com as notícias sobre atropelamentos e mortes de crianças, jovens e idosos, na maioria dos casos, pedestres, ciclistas e motociclistas.
Assim, a expansão da rede cicloviária é um ponto de honra para qualquer gestor público que queira melhorar a mobilidade urbana em sua cidade e proteger as vidas de seus moradores. Há um ano questionávamos o então secretário de Transportes da cidade, Jilmar Tatto, sobre a qualidade das ciclovias recém-implantadas, que apresentam, de fato, muitos problemas. Tatto declarou que primeiro se tratava de ocupar espaços até então usados apenas pelos automóveis e que no futuro essas ciclofaixas poderiam ser melhoradas e consolidadas.
Se há problemas na rede cicloviária paulistana , o que se espera é que o prefeito João Dória e seu secretário de Transportes Sérgio Avelleda trabalhem para corrigí-los e para ampliar a rede cicloviária, de forma a integrá-la aos transportes de massa, tal como fizeram as cidades da Alemanha, Dinamarca e Holanda, citadas pelo "bike anjo" JP Amaral, em entrevista ao Mobilize.
Da mesma forma, a melhoria das calçadas - essa coisa simples, singela, mas sempre abandonada pelas prefeituras - também é um fator básico para a segurança e conforto de quem caminha, seja uma criança, um idoso, ou uma pessoa com deficiência. Assim, seguimos apoiando a campanha Calçada Cilada, que já flagrou mais de mil armadilhas nas calçadas do país. A maratona segue até o final de abril e está aberta à participação de qualquer pessoa. Basta usar o app Colab, fotografar e registrar a #cilada.
Por fim, lembramos que nesta sexta-feira (28) ocorrerão bicicletadas em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil e na sofrida cidade de São Paulo. Pedestres e cadeirantes também são bem-vindos :-)
PS: A foto acima foi sacada no Parque da Juventude, em São Paulo, hoje (20), quando voltávamos pedalando do almoço, pedalando em uma ciclovia. É uma bicicletada com arranjos florais (ikebana), que está percorrendo vários bairros da cidade para anunciar a breve inauguração do Centro Cultural Japonês (Japan House), na av. Paulista, agora em maio. Mais uma prova de que as bicicletas já integram a cultura da cidade.
Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil
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