Primeira linha de metro do Japão, a Ginza foi inaugurada em Tóquio, em 1927. Nesses 90 anos, a rede subterrânea cresceu e se tornou uma das maiores (e mais utilizadas) do mundo. No entanto, nessas nove décadas, o estilo de vida, valores e mesmo a forma de relacionamento com o transporte público mudaram e surgiram novas demandas.
Por exemplo, é muito comum que as pessoas passem grandes períodos de tempo nas estações consultando os smartphones ou trabalhando com tablets ou notebooks. Para atender a essas novas necessidades, em 2015 a companhia do metro de Tóquio contratou o Nikken Activity Design (NAD) Lab para repensar essas relações e encontrar um novo design para as antigas instalações da antiga Ginza.
Os resultados desse estudo começaram a ser vistos no ano passado, quando uma série de bancos e estações de trabalho – todas construídas com madeira - foram instaladas em três das estações:Tameike-Sanno, Omotesando e Ginza. Por seu calor e o acolhimento, a madeira não é um material associado ao utilitarismo e racionalismo das estações de metrô (embora na Linha A de Buenos Aires, de 1913, as escadas rolantes e trens fossem de madeira) e isso foi uma surpresa agradável para os usuários. Mais ainda: as novas instalações lembram as antigas cabines telefônicas, que desapareceram quase completamente de Tóquio com a disseminação dos celulares.
Cada posto de trabalho é equipado com uma fonte de energia, um gancho para pendurar uma mochila ou bolsa, e um pequeno espelho. Os nichos de trabalho foram desenvolvidos com base numa tecnologia acústica originalmente desenvolvida para auditórios, de forma a criar espaços semi-privados, nos quais é possível usar celulares sem que a voz seja difundida e ouvir bem a voz ao telefone. No alto, o que parece um chuveiro é na verdade uma luminária led que ajuda a criar uma atmosfera mais calma, no meio da agitação dos trens, avisos e pessoas apressadas.
A mesma atenção com os detalhes aparece também nos bancos. É comum que os usuários viajantes transportem grandes malas e daí surgiu a ideia das prateleiras para apoiar a bagagem e outros objetos, ou para encontrar alguma coisa dentro de uma mala. As prateleiras também servem para abrir um notebook e finalizar um trabalho, um texto ou uma apresentação.“Queríamos criar espaços capazes de conectar a vida no metrô com vida lá for a, na superfície”, explicou diretor de design Hiraki Yasuda.
*Tradução e adaptação: Marcos de Sousa / Mobilize Brasil
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