A Caixa Econômica Federal divulgou hoje um texto anunciando um acordo de cooperação comercial com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). O termo, assinado hoje 17), em São Paulo, busca fomentar a oferta de financiamento para aquisição de motocicletas.
Infelizmente o acordo adota um viés puramente econômico-financeiro, sem considerar os malefícios provocados pela comercialização indiscriminada de motocicletas no mercado brasileiro. Basta ler o artigo (e o excelente livro) elaborado pelo especialista Eduardo Vasconcellos para concluir que motocicletas deveriam ser sempre a última opção de mobilidade urbana.
Vale lembrar que embora a Abraciclo reúna também os fabricantes de bicicletas do país, sua atuação tem desprezado esse modo mais sustentável e suave de transporte, obviamente pelo maior valor agregado (e simbólico) de uma reluzente motocicleta.
Lamentável, também, que uma instituição financeira de caráter social como a Caixa estimule um modo de transporte que provoca mortes, ferimentos graves e deficiências físicas, com alto custo social. E quem vai pagar por tantas vidas perdidas ou destruídas?
Leia também:
Risco no trânsito, omissão e calamidade: impactos do incentivo à motocicleta no Brasil
"Só escravidão supera moto em destruição social"
70% dos mortos no trânsito das marginais (SP) estavam em motos
Frota veicular dez vezes maior que a população agrava riscos à saúde