Após enterrar o sonho do metrô, a cidade de Porto Alegre pode encontrar as desejadas melhorias no transporte público em um projeto da China.
Interessados em investimentos no Brasil, os diretores da China Railway Engineering Group procuraram o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, para apresentar a ideia de criar linhas de aeromóvel na região metropolitana de Porto Alegre interligadas aos trilhos atuais da Trensurb.
Em troca, o governo federal cederia a concessão da Trensurb - Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre - por um período de 30 anos.
Na capital, a proposta chinesa prevê a criação de quatro linhas. O projeto ainda inclui a troca da frota de trens por veículos novos, além da reforma e manutenção das estações atuais da Trensurb.
De acordo com o diretor executivo da Aeromovel do Brasil – que toca o projeto em parceria com os chineses –, Marcos Coester, a proposta seria autossuficiente economicamente, pois a renda proveniente do volume de usuários (estimado em 1,04 milhão por dia) seria o bastante para pagar a construção, a operação e a manutenção do novo sistema no prazo de 30 anos.
Ampliação
Em Porto Alegre, a primeira linha do aeromóvel ligaria o Mercado Público ao Terminal Triângulo. De lá, o passageiro teria a opção de seguir viagem até Cachoeirinha, ou utilizar outra linha em direção a Alvorada. A terceira iria da esquina da avenida Borges de Medeiros com a Ipiranga, passando pelos campus central da PUCRS e pelo campus do Vale (UFRGS) até chegar a Viamão.
A quarta conectaria o Mercado Público ao bairro Tristeza, passando pelo estádio Beira-Rio – e cumprindo, em parte, o projeto da Trensurb e da prefeitura apresentado em 2011 que ligaria o Centro Histórico à avenida Juca Batista. A ideia, porém, nunca saiu do papel por falta de recursos.
No mapa, a linha atual do aeromóvel e as extensões planejadas pelos asiáticos. Reprodução: Metro
Tarifa social
A Trensurb, atualmente, é um sistema deficitário para o governo federal. A estatal trabalha com uma tarifa social – ou seja, o valor arrecadado com as passagens é inferior aos custos da operação.
Por isso, nos últimos anos, o governo federal vem subsidiando pouco mais da metade da quantia necessária para manter o serviço (arcou com 50,6% em 2013 e 50,4% em 2014).
Até o momento, porém, o projeto ainda se encontra no campo das ideias, sem prazos ou custos definidos. Nos bastidores, sabe-se que o ministro Eliseu Padilha gostou do projeto apresentado. Os chineses contam com a pressa do governo federal em abrir mão da Trensurb, que, por ser um sistema deficitário, é visto pelo Planalto como um problema – uma conta que precisa ser encerrada.
Procurada pela reportagem do jornal Metro, a Trensurb não quis comentar o tema.
Sindimetrô faz críticas
Segundo o vice-presidente do Sindimetrô (Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul), Clóvis Pinheiro, a privatização da Trensurb é um desejo antigo do governo federal.
“Todos os últimos presidentes tentaram privatizar a Trensurb, mas não tiveram êxito. Eles sugam todos os recursos das empresas do governo para, mais tarde, terem motivos para privatizar”, criticou o diretor do Sindimetrô.
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