De casa ao trabalho, de bicicleta

Apesar do aumento crescente no número de ciclistas em todo o país, ainda faltam investimento em infraestrutura e cultura de uso da bicicleta como meio de transporte

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Fonte: Valor Econômico  |  Autor: Jacilio Saraiva  |  Postado em: 28 de outubro de 2016

Cresce a adesão à bicicleta, mas ainda faltam ince

Cresce a adesão à bicicleta, mas ainda faltam incentivos

créditos: Instagram Mobilize

 

A bicicleta é usada, cada vez mais, como meio de transporte para chegar ao trabalho. Segundo pesquisa realizada pela Bike Anjo, organização de incentivo ao uso das magrelas, 62% dos ciclistas disseram que vão pelo menos duas vezes de bicicleta ao serviço, por semana. Mais de 70% deles pedalam até dez quilômetros para cumprir expediente. O levantamento ouviu 1,3 mil pessoas de 25 estados, mais o Distrito Federal.

 

"Muito desses números se deve às políticas públicas de implementação de ciclovias e ações privadas, como os sistemas de aluguel de bicicletas", diz Missaki Idehara, coordenador da Bike Anjo, que desde 2013 realiza a campanha De Bike ao Trabalho, de âmbito nacional. "A tendência desse tipo de transporte é de crescimento, mas as empresas têm de estar prontas para receber as bicicletas."

 

Idehara diz que, apesar da adesão de mais ciclistas, o Brasil ainda está atrasado em relação à demanda do deslocamento em duas rodas. "Há carência de investimentos em infraestrutura e não há uma cultura do uso da bicicleta como meio de transporte", diz. Por parte das empresas, muitas ainda não perceberam o impacto que causam na mobilidade das cidades. "Um só prédio empresarial pode trazer mais de cinco mil pessoas, de carro, para uma mesma região."

 

Empresas que incentivam

Para estimular os funcionários a ir ao trabalho pedalando, Idehara diz que as companhias precisam investir em bicicletários e vestiários, além de campanhas internas de incentivo ao ciclismo. "Algumas organizações já têm programas de compartilhamento de bicicletas e atividades em grupo, como passeios ciclísticos."

 

Em São Paulo, no escritório Perlman, Vidigal, Godoy Advogados (PVG), com 57 colaboradores, de cinco a dez funcionários utilizam ou já usaram o meio de transporte para chegar à empresa, desde a mudança para o endereço atual, há três anos. A banca está na Avenida Faria Lima, que tem uma ciclovia de mais de dez quilômetros. Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego da São Paulo (CET) indicam que 340,5 mil ciclistas passaram pela ciclovia da Faria Lima durante o primeiro semestre de 2016.

 

"Faço da bicicleta um meio de transporte desde 2009", diz Rubens Vidigal Neto, sócio do PVG Advogados. "É saudável, sustentável como meio de transporte e conectado à uma nova tendência da cidade, e está em linha com os valores do escritório." Para receber os ciclistas, o escritório investiu em um vestiário, com 45 armários individuais, e banheiros com chuveiros. "Também conversamos com a administração do condomínio, que não tinha bicicletário e hoje tem 20 vagas para bicicletas."

 

Depois da instalação das facilidades, mais pessoas aderiram à novidade, lembra Vidigal. "No começo, eu era o único que vinha pedalando", diz.

 

Luíza de Andrada e Silva, diretora do Instituto Cidade em Movimento (IVM), ONG com sede na França e escritórios na China, Argentina e Brasil, diz que as empresas que incentivam o transporte em duas rodas ganham mais comprometimento do quadro e passam a ser referência para outras companhias. A questão cultural, segundo ela, é um entrave para disseminar iniciativas. "As pessoas não se sentem confortáveis em tomar banho e se vestir no trabalho e há pouca pressão dos empregados para a instalação de vestiários".

 

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