Em nove meses, a frota de Manaus “recebeu” 19 mil novos veículos, entre carros, motocicletas, picapes e caminhões, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (Detran-AM). Com uma média de 2 mil veículos emplacados a cada mês, a capital amazonense pode chegar à frota de 1 milhão de veículos nos próximos dez anos - hoje são mais de 706 mil.
Para quem convive diariamente com os congestionamentos, imaginar uma frota de um milhão de veículos nas ruas da capital é quase uma tortura. Mas segundo o doutor em Engenharia de Transporte Geraldo Alves de Souza, se comparado ao crescimento da frota em anos anteriores, esse número - como reflexo da crise econômica - é até baixo.
Mesmo assim, ele alerta que é preciso investir em políticas públicas de mobilidade voltadas ao grande público, sob o risco de a cidade “travar” e, com ela, a vida dos seus cidadãos, que terão que mudar hábitos e, inevitavelmente, passarão mais tempo no trabalho, na escola, universidade e, claro, no trânsito.
“Este é o meio que a população adota para encarar o problema. Há anos, a população recebe um estímulo na compra de automóveis, um dos suportes da economia brasileira (a indústria automobilística). E esse é um dos problemas que originam essa situação”, detalhou.
Para ele, o estado brasileiro é ruim na prestação de serviço de transporte público para o cidadão e agrava essa falha com a política de incentivo fiscal à aquisição do carro próprio, o que complica ainda mais o problema da mobilidade nas grandes cidades do país.
“Por outro lado, este mesmo estado, nas três diferentes esferas – nacional, estadual e municipal – não possui uma priorização ao transporte público. Depois de muito tempo, em 2012 decidiu-se promulgar a lei de mobilidade urbana, onde se instituiu a política nacional de mobilidade urbana e tornou-se obrigatório que os municípios elaborem os planos e a política municipal de mobilidade, baseada sempre no de transporte público coletivo. Isso é obrigação em todos os municípios com mais de 20 mil habitantes”, explicou.
Ainda segundo Geraldo Alves, a solução para o caos do trânsito de Manaus - e o temido agravamento do problema, uma tendência anunciada por outros especialistas em mobilidade - passa, também, por mecanismos mais eficazes de fiscalização e campanhas educativas, visando a redução da imprudência e também dos acidentes.
Em um ano, 24 mil
De acordo com o levantamento do Departamento de Trânsito do Amazonas (Detran-AM), por mês são emplacados uma média de 2 mil veículos na capital, ou seja, 24 mil novos veículos por ano. Com essa média, nos próximos dez anos a capital pode chegar à frota de 1 milhão de veículos, alertou Geraldo Alves. “Mas essa estimativa pode ser alterada por uma mudança de comportamento e a própria crise financeira”, lembrou.
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