Enfim, a redução da velocidade parece mesmo uma boa ideia :-)

Ante as novas notícias, não há como fugir ao tema da redução da velocidade no trânsito em SP. Leia o editorial do Mobilize

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Fonte: Mobilize Brasil  |  Autor: Marcos de Sousa  |  Postado em: 14 de outubro de 2016


Nesta quarta-feira (12) o jornal Folha de S. Paulo divulgou relatório com as informações mais recentes sobre a redução de mortes no trânsito da capital paulista. Os dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) indicaram uma redução em 52% no número de acidentes na cidade a partir de junho de 2015, quando as velocidades foram reduzidas em várias avenidas paulistanas.

 

Entre junho de 2015 e junho de 2016 ocorreram 31 mortes em acidentes de trânsito nos 17.000 km de ruas da capital. A cifra, ainda alta, significa menos do que a metade das 64 mortes que aconteceram nos doze meses anteriores. O caso mais emblemático é das avenidas Marginais dos rios Tietê e Pinheiros, cujos limites baixaram de 90 e 70 km/h para até 50 km/h nas pistas locais. Nessas vias, que antes tinham 24 mortes/ano por atropelamentos, ocorreu apenas um caso nos doze meses posteriores à redução da velocidade. 

 

A melhora nesses indicadores também foi registrada no sistema Infosiga, do governo do Estado, que mostra a capital com índices de mortalidade de trânsito bem abaixo da média estadual. Segundo esse indicador, em 2015 São Paulo obteve um índice de 9,7 mortes no trânsito por 100 mil habitantes, mas a Prefeitura informou que espera terminar 2016 com uma taxa abaixo de 7 mortes/100 mil. Apenas como lembrete, o índice do Brasil está acima de 23 mortes/100 mil. 

 

Para alguns técnicos, essa redução seria um resultado da crise econômica do país, mas o especialista em mobilidade Eduardo Vasconcellos esclarece a polêmica:  "A relação entre velocidade e acidentes é claramente direta e, além disto, é exponencial...um aumento de 30% na velocidade aumentará em 69% a energia a ser dissipada no acidente. A redução da velocidade tem impacto inverso, também exponencial, de redução da probabilidade de acidentes e das conseqüências negativas dos que ocorrerem".  

 

Além de menos vidas ceifadas, a redução de acidentes de trânsito se traduz em gastos menores com tratamentos e indenizações às vítimas, liberação de mais leitos hospitalares para o tratamento de doenças graves e a redução dos problemas sociais e econômicos resultantes de acidentes. O assunto, como se vê, é de interesse público e nacional. Justamente ontem (13), o Distrito Federal constatou um aumento dramático no número de atropelamentos, vinte anos após Brasília ter implantado suas faixas de pedestres, que então eram muito respeitadas.

 

Avenidas de tráfego rápido são apostas perdidas, como o século XX o demonstrou em dezenas de cidades que gastaram bilhões de dólares para alargá-las, em todos os continentes. Mais vale poupar nossos Reais em transportes públicos, sistemas de bicicletas e calçadas de boa qualidade, nos ensinam as cidades mais avançadas do mundo. Assim, talvez no futuro as vias marginais sejam finalmente reduzidas a poucas pistas, de baixa velocidade, permitindo que as pessoas voltem a olhar e quem sabe navegar pelas águas despoluídas de Tietês, Guaíbas, Paranoás, Sergipes, Cuiabás e Capibaribes.

 

Por fim, se você reclama que foi multado muitas vezes por excesso de velocidade, saiba que eu também fui, por pura distração. Mas pago minhas multas, sem reclamar, se este for o preço de uma cidade mais humana.

 

Marcos de Sousa
Editor do Mobilize Brasil

Comentários

Celso P - 17 de Outubro de 2016 às 15:03 Positivo 1 Negativo 0

Não custa reconhecer que o Haddad implantou uma boa medida no transito selvagem de São Paulo.

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