Objetivo deste estudo foi explorar as correlações, tendências temporais e consequências para a saúde da atividade com bicicleta no período de 1997 a 2012.
O primeiro dado a destacar é que, nesse período, a bicicleta manteve-se como modo minoritário em relação a outros meios de transporte na cidade de São Paulo (cerca de 0,5%), e foi seis vezes mais utilizada por homens do que por mulheres.
O estudo revelou também que, embora tenha aumentado o uso da bicicleta entre os mais ricos da população, ao longo do período estudado (1997-2012) as taxas totais da atividade ciclística apresentaram queda, devido ao decréscimo no uso deste modal na parcela entre os mais pobres.
Quanto aos efeitos da poluição do ar para a saúde dos ciclistas, eles só foram mais nocivos do que benéficos num ano em particular (1997) e apenas nos casos em que a pedalada foi de intensidade maior (9 horas ou mais de ciclismo por dia).
Quanto aos acidentes com bicicleta nas vias, houve diminuição nos riscos de acidentes fatais no período entre 2007 e 2012. Considerando a passagem de 1.000 ciclistas/hora, houve queda de 0,76 para 0,56 mortes.
Por fim, o estudo aponta para a necessidade de políticas que dêem mais segurança e estimulem o uso da bicicleta em São Paulo. São medidas voltadas a eliminar a segregação espacial, combater a poluição atmosférica e melhorar a infraestrutura cicloviária e a integração da bicicleta com o sistema de transporte público em todas as áreas da cidade, sem distinção de renda.
*Os autores Thiago Hérick Sáa, Ana Clara Duranb, Marko Tainioc, Carlos A. Monteiroa, JamesWoodcockc são pesquisadores das seguintes instituições:
aNúcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo (FSP-USP), São Paulo, Brazil
bUniversity of Illinois at Chicago, Chicago, USA
cUKCRC Centre for Diet and Activity Research (CEDAR), MRC Epidemiology Unit, University of Cambridge School of Clinical Medicine, Institute of Metabolic Science, Cambridge