O artigo "Automóveis, rodovias e postos de gasolina: até quando?", do engenheiro especialista em mobilidade urbana Roberto Ghidini, traz uma crítica à sociedade global promotora de uma ocupação territorial condicionada a leis de mercado, e guiada por interesses da grande indústria automotiva e das empresas responsáveis por megaprojetos de infraestrutura.
Na contramão dessa tendência, que adota cegamente um modelo econômico sem limites, capaz de exaurir nossos recursos naturais, o texto apresenta as vantagens de se fazer uso da "pegada ecológica", um indicador de sustentabilidade que dá o cálculo do impacto ambiental gerado pelas demandas humanas, e que permite comparações desse gasto com a biocapacidade do planeta. Assim, pode-se comparar o total de emissões geradas pelo transporte de um bem de consumo com a energia gasta na sua fabricação e o quanto este bem demanda em hectares.
Ao crescimento desenfreado das zonas urbanas, aos impactos da ação humana sobre o clima e a saúde humana, o autor contrapõe um futuro que seja baseado em cidades compactas, onde as unidades urbanas, ou bairros, sejam o território de convivência que possibilite às pessoas simplesmente caminharem ou, nos deslocamentos maiores, fazerem uso do transporte público de qualidade, com sistemas baseados em combustíveis ambientalmente sustentáveis.