Salvador, com 2,9 milhões de habitantes em 2010, abriga na região metropolitana a maior parte da população negra ou parda da cidade. Nesse perímetro, nota-se a presença de vias de alta velocidade, que priorizam os veículos individuais motorizados, com muitas faixas de rolamento e poucos pontos de travessia para pedestres.
Este artigo pretende estudar o eixo viário que parte do Túnel Américo Simas até a divisa do município de Salvador com Lauro de Freitas, um trecho de 23,5 km de extensão. A proposta é investigar até que ponto as estruturas viárias acentuam as disparidades sociais e dividem a cidade em espaços distintos e segregados. Para isso foram avaliadas e mapeadas as informações sociais, os serviços de saneamento básico, a mobilidade urbana e as prioridades de investimento público municipal. Por fim foi percorrido e fotografado o eixo em estudo, avaliando-se as barreiras urbanas existentes para o pedestre.
Verificou-se marcante diferença entre os dois lados do eixo estudado - nos aspectos social, racial, de infraestrutura implantada e disponível para suas populações, oferta de oportunidades de trabalho - e a conclusão foi de que há menor acesso à cidade por parte das pessoas que vivem ao norte do eixo viário analisado, na área do Miolo e do Subúrbio Ferroviário. Além disso, nada ali facilita a vida dos pedestres na travessia dessas vias de alta velocidade, e a conclusão é de que os equipamentos existentes estão muito aquém das necessidades das pessoas.
*Os autores
Henrique Oliveira de Azevedo é especialista em Planejamento Urbano e Gestão de Cidades e mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador (Unifacs).
Gardênia Oliveira David de Azevedo é mestre em Engenharia Ambiental Urbana pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em Formação em Consultoria Organizacional pela Universidade Católica do Salvador (UcSal). Arquiteta e urbanista da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e trabalha atualmente na Secretaria do Planejamento da Bahia (Seplan).
Gilton Alves Aragão é doutor em Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade Salvador (Unifacs) e mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor-assistente da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).